quinta-feira, 6 de junho de 2013

Conspiração Anacrónica

Ideia para livro best-seller:
- Falar de Jesus: não do estabelecido mas, basicamente, inventar
- Misturar história e esoterismo
- Falar de Salazar
- Mencionar em epígrafe que todos os factos históricos mencionados no livro são verdadeiros. Nota mental: não há factos no livro, apenas suposições (eheheh!)

Sinopse:
  • Prefácio
Onde se adverte que o que se vai tratar é do desconhecido, porém, altamente verosímil.
Dizer que nos propomos tratar da vida de Jesus entre os 13 e os 33 anos, aludindo espirituosamente (até com algum humor) a que teríamos o fim da discórdia e um modelo a seguir, se soubessemos da vida de Jesus como adolescente. E como sabemos os problemas que a adolescência comporta, teríamos também o fim das aparições televisivas de Eduardo Sá.
Por outro lado, provamos desde logo a divindade de Jesus, para não criar muitos atritos, mencionando uma profecia que se cumpriu: o que acontece após a crucificação de Jesus? Volta para casa do pai. E o que é acontece no séc. XXI? É só trintões a viver em casa dos pais. Profecia cumprida.
  • Desenvolvimento :
No início do livro, Jesus tem 14 anos e aprende a profissão do pai adoptivo. Na carpintaria, nem Jesus nem José passam dias tranquilos. Desde que Jesus nasceu, José passou a ser alvo de chacota pelos seus colegas:
- Ó Zé, ontem nasceu-me o segundo filho. Não veio de nenhum anjo, veio só de cegonha desde Telaviv!
- Ó Zé, com este vento, achas que devo fechar as janelas todas? Com estas brisas, ainda se me engravida a mulher!
- Ó Zé, estou aqui a imaginar coisas bem boas com a minha namorada. Será que quando chegar junto dela já estará enjoada?
Já Jesus, como qualquer aprendiz de carpintaria, era tratado pela alcunha apropriada à sua condição:
- Ó Carpintelho, passa-me aí a grosa.
- Ó Carpintelho, mandas cada farpa!
- Ó Carpintelho, enquanto messias não devias prever a merda que estás a fazer com essa cadeira?
No Outono de 14 depois Dele (não será durante Ele?), houve uma praga de louva-a-Deus (ou seria milagre?) que comeu as nogueiras todas de Nazaré. A escassez de matéria-prima produziu uma escassez de emprego na carpintaria.
Custava muito a José ver os dias a passar pelo filho sem que ele movesse uma palha. Nem na escola ingressou:
- Ó paizinho, eu prometo que hei-de ir para a escola, mas tenho tempo para isso. A eternidade não são dois dias.
Na realidade, Jesus sabia o que gostaria de ser:
- Quero ser ilusionista! Vou chamar-me: Jesus do Mato.
E passava os dias sem mexer uma palha aos olhos do pai, porém a formar-se nesta que via ser a sua vocação. Quantas vezes José não chegou a casa e viu o bidé transformado numa terrina de porcelana, a ovelha num cachecol de seda ou o pão em gomas em forma de javali. Se irritava o pai, o contrário acontecia com a mãe, que o incentivava:
- Ó querido, que bom! Fico muito feliz que queiras ser... como é que é? Ilusionista? Isso mesmo: ilusionista. Olha lá, não te importas de transformar aqui o teu tio Gabriel em naperon, só durante duas horas, que o teu pai está a chegar?
Tudo corria mais ou menos num clima de paz armada até ao dia em que José pegou na caixa de ferramentas. Lembrou-se que tinha que reparar o telhado de um burro que, entretanto, se havia transformado num albergue para pombas, quando viu que as ferramentas mais não eram do que um buquê de dálias. Perdeu a cabeça. Não bastava já a sua masculinidade ser diariamente posta em causa pelos colegas de trabalho, quanto mais ter as ferramentas de 'homem' transmutadas num artigo feminino.
Bastava de ilusionismo. José lembrou-se do stock parado daquelas cadeiras com caruncho, dos tempos da praga de louva-a-Deus, e propôs que Jesus se tornasse vendedor ambulante daquele material danificado. Com uma condição:
- Tens que vender longe da Galileia, não vá alguém conhecer-nos.
Jesus abalou. Afastou-se da Galileia. Mas afastou-se não só espacial como também temporalmente. A ubiquidade permite aos seres divinos mandar espaço e tempo à bardamerda. E ao deus Chronos também, esse pagão herege.
Desse modo, encontramos Jesus no Estoril, em 1968, a bater à porta do Forte de Santo António:
- Quem é?
- Minha cara senhora, sou Jesus e desejaria falar-lhe de algo muito importante.
- Jesus?
- Sim, abra por favor.
-  Faz favor!
- Permite-me que lhe pergunte como se chama a amável senhora?
- Maria. Maria de Jesus.
- Oh, que amabilidade! Não precisa de se entregar logo dessa maneira.
- Diga?!
- Deixe estar. Vim para lhe falar de algo, que sei de fonte segura que lhe faz falta.
- A salvação?
- Mais ou menos. Mas pode ser! A salvação para dias cansativos. O repouso que salva. Que diz?
- Sim, salve-me.
- Pois bem. Aqui tem esta magnífica cadeira de nogueira. Proveniente da terra santa.
- Mas a salvação faz-se... pela cadeira?
- Exacto. Vai ver que, depois de um daqueles dias de trabalho de ufa-ufa, vai sentar-se e pensar: Ai, meu Deus! Era mesmo disto que estava a precisar.
- Hum, pode ser. Vou levar para o Toninho, que ele tem um trabalho muito cansativo.
Mais um negócio bem sucedido. Jesus ainda ouviu Maria de Jesus a gritar já dentro de casa:
- Toninho! Toninho! Onde andas? Ah, estás aqui! Outra vez? António de Oliveira Salazar, quantas vezes te disse que não adianta mostrares o crucifixo aos comunas! Pára lá com isso e anda ver a cadeirinha que te comprei. Pára! Primeiro vês a cadeira, depois dou-te maminha.
  • Conclusão:
Quando esteve no desemprego, Jesus utilizava como varinha de ilusionista um salazar da cozinha da mãe. Na altura, chamava-se herodes mas toda a gente dizia que tinha cara de Salazar.
Por que razão se incompatibilizam NOVO Testamento e Estado NOVO?
A rejeição de Salazar começou na interdição do manuseio do salazar?
Haveria ciúme por Maria de Jesus não ser efectivamente 'de Jesus', e ver Jesus a morte de Salazar como uma libertação do amor?

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