sábado, 6 de dezembro de 2014

As escolhas de José Sócrates na prisão de Évora



Quisemos saber o que José Sócrates trouxe para a prisão e quais os seus ideais, no momento que enfrenta o maior desafio da sua vida, se não contarmos com a licenciatura.

Que filme trouxe consigo?
Não trouxe um filme; trouxe uma série: Prison Break. Já pedi as plantas da prisão ao João Araújo. A questão das tatuagens não será problema, já tinha uma entre o anelar e o dedo médio com as iniciais DI. Falta-me apenas conceitos de engenharia para entender as questões mais técnicas.

E livro?
Arte de furtar, um clássico português do século XVIII. Anda sempre comigo.

Qual o perfume que usa?
Neste momento, só sabão macaco, creio. Deixe-me perguntar ao meu colega de cela, que é ele que costuma aplicar-me. É esse, Jomané?

Comida predilecta?
Aqui dentro, só as entradas. Se tiver que escolher uma, talvez os croquetes.

Qual a música que tem ouvido?
Ouço frequentemente a Guilty da Barbra Streisand & Barry Gibb
Mas os restantes reclusos costumam cantar-me hip-hop, sobretudo aquela do 50 Cent, a Candy Shop. Sempre que passo nos corredores, começam logo:
I'll take you to the Candy Shop
I'll let you lick the lollypop.
Têm sido muito amáveis, ao contrário desses bandalhos dos jornalistas.

Qual o seu maior defeito?
Ser demasiado frontal. Aqui dentro têm-me dito isso. Dizem que não posso ser só frontal; tenho que também lateral, horizontal, etc.

E maior qualidade?
Sou extremamente flexível. 

Quem levava para uma ilha deserta?
Todos os portadores com uma carteira de jornalista. E a Manuela Moura Guedes. Eu não tinha que ficar lá com eles, certo?

Quem é o seu ídolo?
Sem dúvida a minha mamã. Tudo o que lhe dou ela devolve-me a dobrar.

Quem é o seu maior inimigo?
Não queria personalizar mas direi apenas a Justiça. Essa entidade vendada que, quando entrei para a política, disseram-me que tapava os olhos a certas questões... quem diz certas, diz todas as questões; de pessoas importantes como primeiros-ministros e tal... E é o que se vê. É uma bandalheira! Em Portugal, está mais do que visto que não funciona.

Qual é o seu hobbie?
Essa é óbvia: licenciaturas, só para matar o tempo. O Relvas bem tenta acompanhar-me, mas não tem hipóteses.

Qual a sua viagem por realizar?
Ao Cacém. Dizem que têm lá uns T1's muito bons. Quer o contacto? 
 
Qual o seu lema de vida?
"Não há nenhuma prisão em nenhum lugar do mundo na qual o amor não possa forçar a entrada" Oscar Wilde

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Se Medeia fosse de Valongo

Medeia de Eugène Delacroix, 1838

MÃE CONFESSA CRIME

 Melinda Dulcineia confessa a autoria do assassinato dos seus dois filhos

 

Confirmou-se a pior e mais surpreendente das hipóteses: as duas crianças encontradas numa casa de banho pública de Valongo foram degoladas pela mãe. Ao fim de duas semanas de investigação intensa por parte da Polícia Judiciária (PJ), chega ao fim este caso único em Portugal.
A investigação parecia ter entrado num impasse nos últimos três dias, devido à falta de pistas e provas concretas. Na madrugada passada, Melinda Dulcineia (MEDEIA), mãe das vítimas, entregou-se no comando distrital da PJ, onde confessou a autoria dos crimes.
Trata-se de uma hipótese que o comandante regional da PJ, José Sófocles, havia afastado há cerca de uma semana, em comunicado, onde dizia que "neste momento, todas as pistas nos afastam da hipótese de se tratar de um crime familiar, estando os investigadores concentrados na hipótese de se poder tratar de assassinatos ligados ao tráfego internacional de pedaços de crianças". Visto ter-se verificado o oposto, o comandante nacional da PJ, Túlio Homero, já falou aos órgãos de comunicação social, em conferência de imprensa, dizendo que se iria apurar responsabilidades internas do porquê de se ter afastado um suspeito, quase de imediato, que se veio a relevar ser o perpetrador dos crimes. 
Se a questão da PJ vai ter, seguramente, novos episódios, já o thriller de Valongo chega ao fim. O Farol de Lubumbashi (FdL) ainda não conseguiu apurar o teor da confissão de MEDEIA, mas conseguiu uma entrevista com o pai das vítimas, Jasão, que passamos a transcrever de seguida:

FdL: Como era a vossa relação?
Jasão: Há muito tempo que não era. Separámo-nos três semanas antes do [pausa para soluços], antes do [mais uma pausa para soluços, esta com cerca de seis segundos a mais do que a anterior], antes do... do que aconteceu.
FdL: E como é que Melinda Dulcineia aceitou a vossa separação?
Jasão: Nada bem! Nada bem, mesmo!
FdL: Tinham muitas desavenças, enquanto casal?
Jasão: Muito pelo contrário. Dávamo-nos muito bem.
FdL: O que aconteceu? O que mudou?
Jasão: Mudei-me eu. Conheci outra gaja, que era mais rica do que a Medy, e fui viver com ela.
FdL: E como é que lhe disse isso?
Jasão: Disse-lhe uma semana antes do [pausa para soluços, mais ou menos entre os três e os quatro segundos e meio], do...
FdL: Mas não me disse que estavam separados há três semanas antes dos terríveis acontecimentos?
Jasão: Disse-lhe a si! À Medy só disse quando já estava a viver com a outra. Aliás, se calhar, nem fui eu que lhe disse. Acho que foi o nosso vizinho, que vi uma vez no mercado...
FdL: ...e não lhe parece normal que ela tivesse ficado perturbada? Afinal, segundo apurámos, ela veio de longe só para viver consigo!
Jasão: É verdade! Tudo isso é verdade! Agora, acho que a reacção é intempestiva. Matou-me o puto!
FdL: Os...! Foram os dois!
Jasão: Tecnicamente, foram dois, tem razão. Agora, eu só gostava de um. Ela podia ter mandado a garota para o galheiro e estava tudo bem. Quites! Agora, o meu puto...! 

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Motivos para apagar amigos do Facebook em legítima defesa


Ainda és daqueles totós que tem problemas em apagar amigos do Facebook? Arranjas esquemas mais intrincados do que um edifício da Segurança Social para levar amigos virtuais para o olvido? Não procures mais!
Fica com 7 motivos que te levam a clicar no remover de consciência tranquila:

#1 - Posts sobre as expectativas em torno do filme das 50 Sombras de Grey
Duas considerações:
- Li algumas vezes isto em posts de "amigos" (actualizei a ortografia uma vez que, os leitores da trilogia, nem sempre usam a correcta): "Eu, que nem tenho hábito de ler, li a trilogia de uma assentada". Isto é o mesmo que um menino da Somália comer um Big Mac em que o pão está verde, o "hamburguer" às pintas roxas e a alface coberta de larvas, e dizer: "É mesmo gourmet. E com bolo de caca!"
- Quem lê, sabe que o filme é sempre pior. Porém, chamar livro às 50 sombras de Grey é como chamar revista à Caras: o que interessa são mesmo as imagens.


#2 - Fotos de perfil de senhoras adultas com duck face
Já sabemos que estão recentemente separadas/divorciadas ou continuam à espera de não ficar para tias e a forma que arranjaram de mostrar que ainda são bué de jovens cools, fixes e nices é tirar fotos com duck face.
Porquê? Também sabemos que são tratadas por tu pelos funcionários da Hagen Daz. Chega, por favor! É deprimente. 
Quem faz duck face são as adolescentes; porque estão na idade parva. Outros adolescentes vão achar piada; porque são parvos.  

 #3 - Excitação em torno do "Hunger Games"
A não ser que tenhas 12 anos e combinaste uma ida ao cinema com a tua crew, para ver um filme que não precise de muita atenção, porque o que é realmente importante é sentares-te ao pé da Sílvia que andas a galar há uma semana no intervalo do liceu, Hunger Games não tem espaço para na vida de um adulto. A não ser que andes a galar pré-adolescentes. Aí, nada contra o filme e tudo contra ti.
 
#4 - Foto de perfil em traje de Verão em Novembro
Ou tens a mania que és melhor do que outros e esqueces-te de vir ao Facebook durante meses, ou és daqueles que altera a foto de perfil em bermudas ou biquini e com o comentário: "Saudades desta corzinha." Ao primeiro ainda perdoo por ser pobrezinho, não ter smartphone e só tem acesso à internet na Biblioteca Municipal. Ao segundo género, mando para a merdinha virtual e bye-bye.

#5 - Pregadores virtuais
Onde se fala de mensagens de Jesus, frases inspiradoras e manisfestos anti-políticos.
Minha gente, querem ter posts acerca do sacrifício de Jesus, que a vida se faz caminhando e que o Portas é um filho da puta, entalados entre as actualizações da Miss Reef Uruguai e vídeos de habilidades do Ronaldinho Gaucho quando jogava à bola? Acreditem numa coisa, vão ser ignoradas. Trata-se aqui das mesmas pessoas que ainda jogam Farmville 15 horas ao dia em vez de meterem o cu dentro de uma igreja, e a forma que arranjaram de manter viva a sua "espiritualidade" é massacrar-nos com o que Jesus fez; são pessoas que se escondem atrás de frases de felicidade quando, no interior, estão roxas de inveja com a amiga que fez férias na Polinésia Francesa em Novembro e que come sushi no Umai duas vezes por semana; são pessoas com o espírito dos velhos dos Marretas, falam mal de tudo o que é político mas nunca votam.
Interessam para alguma coisa? Remover.

#6 -
Pessoas que seguem a RFM
A não ser que tenham 80 anos e tiraram um curso de iniciação à internet no Centro de Dia da vossa paróquia, de modo a combater a solidão, seguir a RFM tem tanta lógica como preferir estar em coma em vez de acordado: um familiar sussura-te banalidades ao ouvidos e põe-te a tocar a única música que se lembra que tu gostavas há 25 anos atrás.

#7 - Pessoas que preferem emojis a palavras
É o mesmo que escolher falar com linguagem gestual quando não se é mudo. Sim, dá muito jeito nos transportes públicos, para evitar reformadas que te querem contar o seu CV em maleitas médicas. De resto, não. Eis alguns exemplos de frases para substituírem os emojis, de modo a não serem removidos (e para dizerem o que realmente lhes vai na alma):
;) = Estou a piscar-te o olho porque vais perceber que eu percebi o querias dizer, mostrando que sou muito perspicaz e cagão.
:) = Estava para colocar um smile, que é o substituto do sorriso amarelo na vida real quando, na verdade, é só para ser simpático e dar resposta a todos os likes que colocas nos meus posts.
<3 = Também gosto dessa música. Não vou exagerar e dizer que amo ou adoro.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Palavra do Ano

Então, importam-se de deixar de estar à porta da penitenciária de Évora?
Há outras coisas extremamente importantes a decorrer, como a escolha da palavra do ano!
Têm acompanhado? Eu nem consigo dormir direito, tal a excitação para saber qual vai ser!

Será que alguma delas tem categoria para ombrear com as vencedoras das edições anteriores?
Será que tem em si a atenção a todos os pormenores como Esmiuçar, a vencedora de 2009?
Será que consegue irritar até à loucura como Vuvuzela, a vencedora de 2010, ao ponto de vencer o concurso, só para não a termos que ouvir?
Será que é rígida, magra e esfomeada como Austeridade e Entroikado, as vencedoras, respectivamente, de 2011 e 2012?
Ou será que é daquelas cujo género desconhecemos mas não conseguimos deixar de ficar excitados, como Bombeiro, a... o... a... o... a vencedora do ano passado?

As finalistas deste ano são:

E sobre estas gostava de tecer algumas considerações.

É mais do que óbvio que a palavra Banco está fora da corrida sobretudo pelo que tem vindo a fazer ao país desde 2001. A única hipótese seria para Miss Simpatia, mas não creio.

Ébola e Legionela - aqui só com um 'l', não sei se o perdeu com a doença - também não creio que vençam, até porque não ficam muito tempo dentro das pessoas. Nem para Miss Fotogenia lá vão, com as pústulas e as chagas e a falta de banho... Horrível!

Há aqui três palavras que aldabraram na idade, só para poderem participar no concurso: Jihadismo, Corrupção e Cibervadiagem.
Jihadismo tornou-se moda em Portugal porque um tipo que nasceu em França, cujo tio-avô era português, faz parte do Estado Islâmico. Meus amigos, todos sabemos que Portugal tem algum atraso em relação à maior parte dos países, mas isto já é moda nos Estados Unidos desde o 11 de Setembro de 2001.
Corrupção em Portugal é como a prostiuição. É a mais antiga profissão. Menos digna, acrescente-se.
Cibervadiagem existe desde os tempos do MIRC, quando a malta interagia com desconhecidos em sistema MS-DOS. Ao fim de duas horas a teclar, combinava encontrar-se. Quem não se lembra da distante frase de engate: "Donde teclas?"

Tratando-se de um concurso aberto a todas as palavras portuguesas, a Selfie ainda tem que provar aonde arranjou um cartão do cidadão nacional. 

Gamificação é uma naturalização recente como o Fernando do Manchester City: é português, mas ninguém o põe jogar na selecção. A própria palavra não leva muito a sério o concurso, tendo dito inclusivamente: "Eu vou mais por desporto."

Basqueiro tem contra si o facto de ser muito espalhafatosa e de ter apenas uma projecção regional.

Xurdir é a grande outsider mas pode, muito bem, vir a ser a grande vencedora. Trata-se daquela palavra que ninguém sabe o que quer dizer mas, por puro gozo, era fixe que ganhasse.

Eu já votei. E tu?

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Apaga-me o histórico que eu agora estou ocupado

Então uma visitante foi à Assembleia da República e insinuou que os deputados não estavam a fazer nenhum?
Agora toma! O deputado José Magalhães saiu de fazer nenhum e respondeu à visitante.

A visitante disse que os deputados estavam a fazer uma de três coisas:
- Ao telefone;
- A ler anedotas na internet;
- A ver "raparigas avantajadas".

Estar ao telefone é normal, até porque os patrocinadores das campanhas políticas precisam de uma linha aberta para as decisões políticas da sua conveniência.

"A ler anedotas da internet" está na moda, veja-se a recente intervenção de Pires de Lima no hemiciclo.
Consta-se que o PS vai responder com um sketch de Natal recordando a publicidade das Fantasias de Natal: Mário Soares a fazer de velhinho junto à árvore de Natal, a comer os chocolates à criança Tozé Seguro, e este a roubar o coelhinho e a colocar num comboio rumo a Évora, conduzido pelo maquinista José Sócrates e acompanhado por António Costa, que vai de gôndola a partir de Lisboa.

A ver "raparigas avantajadas" pode ser várias coisas.
Se for a bancada do PCP, pode ser a ver antigos discursos da Odete Santos.
Se for o computador de Passos Coelho, pode muito bem ser Angela Merkel a ditar o discurso.
Aliás, segundo José Magalhães, visto da galeria poderia ser tanto raparigas avantajadas como bananas. É o que dá espreitar o portátil do Paulo Portas.

Se calhar, vê-se mesmo mal da galeria e a visitante foi injusta na sua análise.
Até porque ao contrário, do hemiciclo, vê-se muito mal Portugal. Aquilo tanto pode ser um país como um parque de diversões para políticos.

domingo, 30 de novembro de 2014

Acompanha a Eneida com...

Se há coisas que odeio, mais até do que a austeridade, são aqueles prefaciadores que contam o livro todo antes de termos oportunidade de o ler. Bois!
Por isso, aconselho vivamente a Eneida, de Virgílio, e sugiro que acompanhem a sua leitura com as seguintes ementas gastronómica e musical.

Sopa
Sopa do mar

Prato principal
Costeletas de boi em cebolada

Sobremesa
Toranja

Bebida
Vinho corrente

Música de acompanhamento