terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

TVI 22 anos - Ensaio sobre a evolução da comunicação humana


Ao contrário do que muitos afirmam, a TVI respeita a história da comunicação. Mais, respeita a pré-história da comunicação.

Há 300 000 anos, não sei se antes ou depois de Cristo, o homo erectus aprendeu a dominar o fogo. Defendem os académicos que o fogo serviu, para além da questão do aquecimento e de permitir cozinhar alimentos, para desenvolver a linguagem através de histórias contadas à volta da fogueira. A mim ninguém me tira da cabeça que os "erectus" usaram o fogo para não confundirem à noite as senhoras, que desconheciam qualquer noção de depilação, com outro tipo de animais peludos, na hora do coito. Mas tudo bem, quem diz coito também pode dizer conto, e as histórias ajudam neste ensaio sobre comunicação.

Há 40 000 anos, aqui quase de certeza depois de Cristo, o homo sapiens que é, espero, o estado evolutivo de todas as pessoas que estejam a ler isto, passou a comunicar através imagens, com a arte rupestre (parietal, para os cagões): pinturas de caça e cenas geométricas. Basicamente, formas de expressão que implicassem não ter que voltar a falar com senhoras à volta da fogueira. 260 000 anos devem ter desgastado qualquer gajo:
"Toni, aonde vais? Volta, vamos falar aqui à fogueira! As minhas peles estão a ficar velhas, vê lá se caças um mamute."
"Volto já. Vou entrar numa caverna escura e pintar porque... porque sim, ainda não inventaram o futebol!"

Em 1455, o pré-alemão Gutenberg inventou uma prensa que permitiu reproduzir livros, e democratizando o acesso ao saber escrito. Por outras palavras, "um desperdício de tempo" nas palavras dos assinantes da Nova Gente.

De resto, passou-se pouco mais. Eis se não quando que surge a TVI, no ano de 1993. Na altura, designava-se por 4 e tinha uma programação de forte teor católico. Hoje também tem, até porque quando o meu zapping calha lá, só me sai da boca: "Oh, meu Deus!" Estou a exagerar. A TVI até seria um bom canal se não tivesse um comboio de 10 telenovelas por noite, reality-shows, os programas da tarde sem doenças e desgraças, o programa da manhã sem os guinchos da Cristina Ferreira, os telejornais sem sensacionalismo... Assim, sim! Bem, não existiria - mas era bom.

A TVI, no entanto, respeita a pré-história: a sua programação é feita e vista por seres cuja evolução darwinista passou ao lado. Não sei se já dominam o fogo mas, pela amostra, a linguagem está fora de questão.

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