quinta-feira, 26 de março de 2015

Música para a história


Há músicas ou álbuns que beneficiaram de factos e tornaram-se na banda sonora de marcos históricos. O que seria da Guerra do Vietname sem o What's Goin'On de Marvin Gaye ou o 11 de Setembro sem o Rising de Bruce Springsteen? Os melómanos agradecem: a música e os eventos. Mas o contrário também é verdade. Há factos históricos que se arrependeriam, se soubessem as músicas que foram feitas em sua honra. Ora vejamos:

#1 - Amor de Água Fresca de Dina

Esta foi a música que me afastou da salada de fruta. Até à música vencedora do Festival da Canção de 1992, eu via a fruta como fonte de vitaminas e de imposição saudável por parte dos adultos. Ora, ainda não tinha visto o filme Nove Semanas e Meia e quando ouvi a Dina cantar

"Foi na manhã acesa em ti, abacate, abrunho.
 E a pêra francesa, romã, framboesa, kiwi
 Peguei, trinquei e meti-te na cesta, ris e dás-me a volta à cabeça
 Vem cá tenho sede, quero o teu amor d'água fresca"

Operou-se uma mudança em mim. Aquela fruta tinha uma conotação sexual, quando devia ser só digestiva. E o pior é que vinha de uma senhora que parecia um senhor, o que me deixava ora excitado, ora extremamente confuso. E vim a saber que isto não aconteceu só comigo. Tenho para mim que o senhor que inventou a salada de fruta devia estar a dar voltas no seu túmulo, o senhor Fruit Saladens.

#2 - I Will Always Love You de Whitney Houston

A música que marca o filme O Guarda-Costas (Bodyguard, para os cagões), foi também o início dos abusos de estupefacientes por parte de Whitney Houston. Ora, acontece que Whitney contracena neste filme com Kevin Costner e, como se trata da sua primeira experiência de actuação, decidiu conhecer o trabalho do actor. Escolheu Danças com Lobos, a versão do realizador. Antes do primeiro diálogo, já Whitney tinha esgotado o stock dos armazéns de Bogotá, só para combater o tédio. A única forma que arranjou para se vingar de Costner foi compor a música do filme, que tem uma mensagem de dor associada:

"And I (e Ai!) Will Always Love You (Uhhhhh uh uh)"

Cá está: "Ai" de dor e "Uhhh" alusivo aos lobos.

#3 - Do They Know It's Christmas de Bob Geldof

Não há muito a dizer sobre esta música, apenas que é repetida até à exaustão em todos os Natais. Bob Geldof escreveu-a depois de ver uma reportagem sobre a fome na Etiópia. O que eu vi foi o Bono igualzinho ao Zed da Academia de Polícia. Aposto que os colonizadores teriam feito África de forma diferente, se fosse para  não ouvir a música em todos os shoppings do mundo.

#4 - We Are The World de Michael Jackson e Lionel Ritchie

Uma música que começa com "We Are The World, We Are The Children" e é composta por Michael Jackson. Até o Bibi foi mais discreto. Ter o Lionel Ritchie aqui serve também para lembrar que a sua música Hello deve ter feito Alexander Graham Bell ter-se arrependido da invenção do telefone.

#5 - Candle in the wind de Elton John

Este é o single mais vendido de todo o sempre. É o tema cantado no funeral de Diana que não é um original. Elton John já o havia composto para Marilyn Monroe, uma senhora que viveu à sombra de uma aparência e... afinal, era só isto. No fundo, Elton requentou uma música. Eu sei que devia ter começado este argumento com "Elton John tocou uma balada num funeral" e bastava, porque toda a gente compreendia o grau de catástrofe. No fundo, se Diana Spencer soubesse de Candle In The Wind nunca teria entrado no tunel e até tinha ceado com os paparazis.

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