segunda-feira, 11 de maio de 2015

Tive um amigo imaginário

Sou filho único e quando era petiz tive um amigo imaginário. Chamava-se Luís. No entanto, como não queria que pensassem que era maluquinho, chamava-lhe nomes de objetos, consoante a situação em que me encontrava.
- Faca, o pão barras-me?
- Vassoura, queres brincar?
- Xilofone, no concerto participas?
Os meus pais nunca souberam da existência do Luís. Mas nem tudo correu bem.
Como colocava os substantivos em primeiro lugar, pensaram que era disléxico e levaram-me ao terapeuta da fala. É que nem sequer colocaram a hipótese do seu filho poder ser o Yoda da Beira Litoral.
A minha relação com o Luís também não foi das melhores. Andava sempre amuado por eu não o tratar pelo nome. Acusou-me até de contribuir para o seu distúrbio de múltipla personalidade.
Hoje não falamos. Sobretudo, desde que ele se assumiu como uma macieira a tempo inteiro. E logo uma que só dá golden's. Ele sabe que eu sou das reinetas desde pequeno. Tenho que saber escolher melhor os meus amigos imaginários.

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