quinta-feira, 11 de abril de 2013

As gajas que lêem Tolstói dão-me tusa

Enredo:
Um gajo (solteiro ou casado, depois decido) percorre o corredor da ficção estrangeira da mesma livraria (real ou imaginária?) todos os dias.
Finge percorrer os autores de policiais estrangeiros, enquanto mantém os livros de Tolstói ao alcance dum soslaio.
Sempre que uma gaja pega num livro do autor, ele enquadra-a no kama sutra consoante o título:
1. Kadji-Murat = felácio
2. Cossacos = rapidinha no WC
3. Morte de Ivan Ilitch = jantar com rambóia no motel
4. Anna Karénina = beijos sensíveis com ligeiro roço e canzana para terminar
5. Guerra e Paz = fim de semana com meia-pensão na Curia e fazer amor (nada de sexo) à luz das velas, antes de incendiar o hotel, pois é demasiado caro para o bolso do gajo.
Depois de vários episódios imaginados pelo gajo, há uma gaja que o interpela, conduzindo-os ao banco traseiro do Seat Ibiza do gajo, num encontro que dura quase um minuto inteiro.
A gaja usa adjectivos para descrever o acto que o gajo prontamente rejeita, pois acha que não são literariamente dignos de uma gaja que lê Tolstói.
Numa breve reflexão, que não ultrapassará mais do que as palavras que estou a escrever, o gajo pensa por momentos que não sabe se ficou indignado com os adjectivos ou com a sua performance no bólide.
Decide que ficou indignado com os adjectivos.
Muda de rumo.
Começa a engatar gajas que lêem As Cinquentas Sombras de Grey, coadunando os adjectivos às práticas de leitura.

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