terça-feira, 4 de novembro de 2014

Pré-política


O Javali foi comentador político, num programa novo do canal National Geographic.

Aconteceu uma única vez, no segmento Voice of the beast, cancelado por não estar dentro do espírito do resto do programa.
Isso e o facto de a apresentadora, cujo QI é inversamente proporcional ao tamanho da copa do sutiã, ter-me despedido por desconhecer o significado de um verbo que utilizei. Disse-me: "Voltas a dizer que me violas e eu chamo o meu namorado, para te perguntar o que dizem os teus olhos sob o efeito de soda cáustica!"
O programa era generalista, numa espécie de Gosto Disto, mas com vídeos de câmaras GoPro colocadas em cabeças de ursos selvagens, os quais eram largados em estúdios de televisão, de modo a ver o que faziam aos apresentadores de programas como, por exemplo, o Gosto Disto.
Aprendi imenso com o desmembramento do César Mourão, ao ponto de passar a acreditar em transcendência. É que dentro dele não havia piada nenhuma, daí aquilo só poder ser de inspiração divina. Isso e o cancro.
Quase no final, depois de limparem o chão do estúdio, começou o meu segmento:

Locutora: Muito bom! Como aquele urso rejeitou a escanz... a apresentadora por falta de carne e gordura... Bem, passamos ao segmento político com Javali, neste primeiro Voice of the Beast. É com razoável gosto que temos aqui em estúdio Javali. Olá Javali, bem-vindo! 
Javali: Olá locutora. É um semi-prazer estar aqui.
Lo.: E qual é o tema que nos traz para este primeiro programa?
J.: Bem, eu gostaria de falar do combate político puro.
Lo.: Ah, está bem. Vamos a isso!
J.: Com a entrada na idade adulta da maior parte das democracias, os ideais ficaram-se pela idade das papas, enquanto os políticos passaram imediatamente ao arroz de marisco. Ora...
Lo.: Espere lá! Não vai fazer um trocadilho entre política e gastronomia, pois não? Que os políticos só querem engordar à nossa custa e etc.? 
J.: Hã... Claro que não! Ora essa! O que eu queria dizer era... Na verdade, era mais ou menos isso que queria dizer mas, como já me estragou o argumento, vou inventar um novo. A política... 

 A política é como os preliminares praticados por homens: inexistentes. 

Diria mais: é ejaculação precoce. Como não há uma escola para políticos, assim como não há para pedófilos, quem envereda por esta vida pensa que está a fazer política durante a campanha eleitoral e esquece-se de a exercer quando é eleito. É como entrar em Medicina, ir às aulas teóricas de cardiologia, baldar-se às práticas e colocar 30 by-passes no primeiro dia de trabalho. Nós continuamos a viver na época da pré-política a pensar que se trata de política. A passagem da pré-história para a história em muito se deveu ao domínio do fogo. A sua utilização não era mal pensada em muitos dos seus intervenientes.

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