segunda-feira, 11 de maio de 2015

Tive um amigo imaginário

Sou filho único e quando era petiz tive um amigo imaginário. Chamava-se Luís. No entanto, como não queria que pensassem que era maluquinho, chamava-lhe nomes de objetos, consoante a situação em que me encontrava.
- Faca, o pão barras-me?
- Vassoura, queres brincar?
- Xilofone, no concerto participas?
Os meus pais nunca souberam da existência do Luís. Mas nem tudo correu bem.
Como colocava os substantivos em primeiro lugar, pensaram que era disléxico e levaram-me ao terapeuta da fala. É que nem sequer colocaram a hipótese do seu filho poder ser o Yoda da Beira Litoral.
A minha relação com o Luís também não foi das melhores. Andava sempre amuado por eu não o tratar pelo nome. Acusou-me até de contribuir para o seu distúrbio de múltipla personalidade.
Hoje não falamos. Sobretudo, desde que ele se assumiu como uma macieira a tempo inteiro. E logo uma que só dá golden's. Ele sabe que eu sou das reinetas desde pequeno. Tenho que saber escolher melhor os meus amigos imaginários.

domingo, 10 de maio de 2015

Vencer numa entrevista de emprego

Queres vencer no mundo do trabalho?
Adopta esta postura e serás o maior.
- Bom dia!
- B... B... Bom dia?
- Ah, era para ver se estava atento. Eu sei que é boa tarde.
- Há alguma razão para estar vestido dessa forma?
- Como assim? Com estes trapitos?
- O senhor está vestido à samurai.
- Então, como não? Veste-te para o que queres ser, não para o que és.
- Mas isto é uma entrevista para diretor de Marketing.
- Eu sei. Olhe, importa-se de tirar aquele canguru ali do canto.
- Cangu quê? Não está ali nenhum canguru.
- "Não é preciso ter olhos abertos para ver o sol, nem é preciso ter ouvidos afiados para ouvir o trovão. Para ser vitorioso você precisa ver o que não está visível." Pumba! Sun Tzu. Arte da Guerra. Eu sei que vocês gostam.
- Muito bem, vamos avançar. Quais são as suas qualificações?
- ...
- Sim?
- ...
- Importa-se de responder?
- Já o fiz. Não tenho nenhumas.
- Ah, então acho que terminamos aqui.
- Eh, eh! Apanhei-o. "Há momentos em que a maior sabedoria é parecer não saber nada." Pumba! Sun Tzu. Arte da Guerra.
- Então isso quer dizer que sabe?
- Isso, agora... Queria saber mais do que eu, não?
- Olhe, boa sorte para a sua vida, mas não estamos interessados.
- Nem eu. E, digo-lhe mais, o senhor nunca vai trabalhar para mim.
- Mas nós é que estamos a contratar.
- Sim, mas o senhor devia render-se depois de ter perdido esta batalha.
- Perdido?
- Sim, o Sun Tzu é chinês. "E eu não sou chinês; sou japonês" Pumba! Duarte e Companhia! Já agora, pode colocar aqui o carimbo, para eu provar à Segurança Social que ando à procura de trabalho?