domingo, 17 de maio de 2015

Óscar Fouto, o amigo de Jacques Cousteau

Vou recuperar a história de um português que alterou o curso da oceanografia e que apenas queria ser filósofo. Chamava-se Óscar Fouto.

Na fotografia, temos ao centro o famoso oceanógrafo Jacques Cousteau. O que não devem saber é que quem o tornou famoso foi precisamente o senhor de cara tapada à sua esquerda - Óscar Fouto.

Óscar nasceu em 1910, em Alvor (Algarve). Filho de monárquicos que foram membros activos do Integralismo Lusitano, apoiaram a subida de Salazar ao poder. Esta amizade com o regime permitiu a Óscar estudar fora do país. Escolheu Paris, onde ingressou no estudo da Filosofia. Em 1934, cruzou-se com Cousteau numa perpendicular ao Moulin Rouge. A química foi imediata, muito porque gostavam os dois de uma bebida que era tida como feminina - a boisson de femme.

A vontade de Cousteau em explorar os mares e o objectivo de Óscar em não regressar a Portugal onde, dizia ele "Até o ar livre tem paredes irrespiráveis" fez com que Óscar pudesse vir a ser o primeiro grande filósofo em alto mar.

Na primeira viagem do Calypso, o famoso barco de Cousteau, Óscar viu que era impossível pensar ao som de gaivotas. Concluiu: "Com gaivotas, é impossível compreender metafísica."

Optou por outra estratégia: vestir o escafandro e pensar dentro de água junto aos corais australianos. Nesta viagem filosófica não contou com a presença de tubarões, que lhe sonegaram a perna direita. Concluiu: "É possível entender a alma humana se não nos importarmos de ser pernetas."

Sem uma perna, sem um braço e sem um olho, ainda fez uma última viagem. Quando se preparava para mergulhar ao largo da Somália, no corno de África, foi abatido pelas autoridades locais, por pensarem que se tratava de um pirata. Ao cair para a água, ainda se virou para Cousteau e gritou: "Que se foda o Platão!"

O grande oceanógrafo ainda inventou o aqualung, em honra de Óscar Fouto, que substituiu o escanfandro , mas esta foi uma morte que ao Jacques custou.