sábado, 3 de outubro de 2015

Pasquim #09

"Quem compra o Expresso, pode ficar com uma luxação no ombro e fica a precisar de gesso. Quem adquire o Pasquim, só se aleija se caminhar em frenesim."

REFLEXÃO EM DEPRESSÃO

Hoje é dia de reflexão. Não sei se conhecem, ou têm alguém próximo, que tenha passado, ou esteja a passar, por uma depressão. São pessoas com pouco alcance para além delas próprias e que, normalmente, responsabilizam outros pelos seus males. Porém, o estado depressivo revela-se muitas vezes em acomodação inconsciente ao gosto pela vitimização. Desta forma, a reflexão nunca é crítica e, muito menos, elucidada. No fundo, não é verdadeira reflexão - é querer continuar enfermo sem saber que se está verdadeiramente. No fundo, é como diz Sá Leão: "É o estado do não fode, nem sai de cima."

FUGA DE ÓLEO NO FUTEBOL PORTUGUÊS

Uma semana depois da fuga de gases da Volkswagen, eis que surge a fuga de informações no futebol português. Ficámos a saber que:
- a taxa de inflação de Jorge Jesus é superior à média de todos os países representados na ONU;
- o contrato do treinador do Sporting foi redigido pelo Chapeleiro Maluco do País das Maravilhas, uma vez que contempla a hipótese do Sporting ganhar a Liga dos Campeões;
- o Porto já está a reestruturar a dívida do Imbula.

HÁ ÁGUA EM MARTE E É NOSSA

A NASA descobriu água em Marte. Ao que o Pasquim apurou, a água pertence aos portugueses, mais especificamente ao Governo de Passos Coelho e à campanha eleitoral de António Costa. Depois de tanto tempo a meter água, foi escondida em Marte e só assim se percebe o porquê das previsões das diferentes sondagens.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Chamar os Javalis pelos nomes


Vamos chamar os javalis pelos nomes? Amanhã é para reflectir mas, como é fim-de-semana, convém ser uma reflexão descansada. Portanto, em vez de plafonamentos e outras chatices que tais, gostava de lembrar os nomes dos líderes e colocá-los à luz da cultura popular.

PàF aka PPD-PSD/CDS-PP

Como líder da coligação temos PEDRO. Lembram-se de "Pedro e o Lobo", em que o Pedro da história era um mentiroso e dizia que acontecia uma coisa e afinal não? Deixava as pessoas em alvoroço e depois não se passava nada. Pois o da nossa história é a versão 2.0 invertida. Diz que não acontece uma coisa e, vai-se a ver, é pior do imaginávamos. Esperemos pelo menos um final parecido para as duas histórias. Se não encontrarem um lobo, podem sempre contar com um javali.

PS

O líder da oposição é o ANTÓNIO. Aparentemente, não vai vencer. E é simples a razão. Para isso, basta citar Toy: "Se queres dançar e não tens par, chama o António." Quer isto dizer que podemos contar com ele para festas e rambóias, mas não esperes grande coisa no que toca a governar.

CDU aka PCP/PEV

O líder comunista é o JERÓNIMO. Ter nome de índio num país que está a caminho de ser o faroeste é, no mínimo, meio caminho andado para ser governado por caubóis.

BE

Do que resta do Bloco, a CATARINA não é a líder - é a delegada de turma. Tem feito um óptimo trabalho a representar os colegas de turma nas reuniões com os professores mas, no fim, quem toma as decisões é o director de turma.

Outros 

PDR - Diz-se Marinho ou Márinho? E é Marinho Pinto ou Marinho e Pinto? Como votar num partido se não se consegue pronunciar o nome do lider?

PCTP/MRPP - O líder é o GARCIA e o slogan é "Morte aos traidores". Não é muito diferente da minha última ida à tasca. Também eu me senti liderado por uma garrafa que tinha no rótulo o nome Garcia e ouvi da minha boca "Quem quer andar à porrada? Mato-os a todos!"

PNR - O líder deste partido dos anos 30 chama-se JOSÉ. Lembram-se do José da Bíblia? Chegou a casa e a mulher disse que estava grávida - tinha sido um anjo. E o que é que ele fez? Aceitou. Esquisito, não é? Numa época e num local onde as mulheres eram apedrejadas por adultério, ele aceitou. E pergunto-me: será que, para além de não se importar de ser corno, também não se importaria de não ter que tocar na mulher? Será que José era carpinteiro especialista em armários? Pois, o PNR também me parece muito parecido.

PAN - Vai ser o grande vencedor das eleições. Não sei o nome do líder, mas os 230 lugares da Assembleia são feitos de carvalho e pinho, os dois cabeças de lista pelo círculo de Lisboa.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Democracia do Fetiche


A uma semana da realização das eleições legislativas, as sondagens da RTP/Universidade Católica e do Público dão a vitória à coligação do PSD/CDS. Depois do choque inicial, entrei naquela fase do luto designada de aceitação. Um país onde o livro mais lido dos últimos tempos é As Cinquenta Sombras de Grey e seus sucedâneos, que versa sobre sadismo light, tem que contrabalançar na política com masoquismo hard-core.

Vencido o trocadilho óbvio, vamos tentar ir mais além. Quando viajamos em transportes públicos, no meu caso entre Ovar e o Porto, ouvimos uma frase comum relacionada com políticos, proferida por diferentes pessoas: “Até podem mudar as caras, mas fica sempre tudo na mesma.” Para os intelectuais, para os que acompanham diariamente os jornais, para os politólogos, parece uma frase redutora. Contudo, comporta uma verdade: a ideia de que o nosso voto não gera mudança. E aqui reside a gravidade.

Em primeiro lugar, faz com que eu, que tenho um mestrado em História Contemporânea e já votei Bloco de Esquerda, tenha que concordar com o meu avô nessa ideia de que nada muda, ele que nunca estudou na vida e tem resquícios salazaristas no cerebelo. Em segundo lugar, mostra que o descrédito num ato eleitoral em democracia é o descrédito na própria democracia.

No dia a seguir às eleições legislativas, celebram-se 115 anos da implantação da República Portuguesa, instigada e perpetrada pelo Partido Republicano Português, contra uma monarquia moribunda, onde dois partidos – Regenerador e Progressista – alternavam no poder sem dissonância política entre ambos. Não quero soar a Vasco Pulido Valente, mas o sentimento 115 anos depois não é muito diferente – apenas o regime em que se insere. A Primeira República teve o domínio do Partido Republicano e suas nuances, e a ditadura conheceu o monopólio da União Nacional. Nos três regimes – Monarquia Constitucional, Primeira República e Estado Novo – houve, em certa medida, uma ausência de escolha e uma secundarização do cidadão nessa escolha. O mesmo não deveria acontecer em democracia.

A Comissão Nacional de Eleições apresenta a democracia portuguesa como representativa, em que o poder soberano “reside no povo” e “é delegado  em cidadãos que o representam na tomada de decisões, interpretando o sentir da população e respondendo às suas aspirações”. Ora, um povo que vota com base em promessas, programas eleitorais e slogans, que são constantemente rompidos após as tomadas de posse, tem todo o direito a sentir-se indefeso, enganado e, acima de tudo, inerte. Vivemos numa democracia do mal menor, numa banalidade da inércia, na ideia de que, façamos o que fizermos, pouco ou nada acontece. Como democrata convicto, esta ideia envergonha-me.
Nas últimas eleições legislativas de 2011, 58% da população portuguesa recenseada foi às urnas. Mais de 4 milhões de pessoas ficaram em casa. Se juntarmos estes “indiferentes” aos votos nulos e brancos, ficaríamos a uns escassos 117 mil votos de igual a votação nos três principais partidos votados – PSD, PS e CDS. Ter 42% das pessoas que optam por não votar é mostrar que a nossa imberbe democracia está a falhar.

É por isso que proponho que deixemos de lado a representação proporcional, em que os 58% de votantes permitem o preenchimento total dos lugares da Assembleia da República - 230. 58% dos votantes deve representar 58% da Assembleia. Os 42% que ficaram em casa não estão em silêncio. Mais de 4 milhões de pessoas não se revêm neste modelo. Façamo-las ser representadas por lugares por preencher na Assembleia da República. 58% de votantes representam 133 lugares no hemiciclo.
Vamos responsabilizar quem vota, quem não vota e, sobretudo, quem é votado. Só assim a democracia será ouvida, sentida e falada - quando todos sentirmos que fazemos parte dela. E aqui, sim, poderíamos ser masoquistas, mas também dar espaço a quem tem outros fetiches.

domingo, 27 de setembro de 2015

Sondagens democráticas: ganham todos



VENDO AMOSTRAS LIMPINHAS PARA SONDAGENS

Há para todos os gostos e consigo garantir a vitória a todos os partidos. E consigo fazer sondagens só com pessoas do meu prédio. Vitória do:

PAN 
(Pessoas-Animais-Natureza) 
No rés-do-chão esquerdo vive uma senhora com 37 gatos e 2 canários. Bom, dá vitória ao PAN porque o Tinder não concorre nas legislativas.

PPM 
(Partido Popular Monárquico) 
A senhora Albertina do rés-do chão direito acha que é a rainha D. Isabel e costuma dar pão às pombas. Às vezes, engana-se e dá-lhes pétalas de malmequeres.

PSD-CDS/PP
O senhor Guedes do 1.º direito já foi casado 3 vezes. Divorciou-se porque às segundas, quartas e sextas gosta de loiras; às terças, quintas e sábados gosta de morenas. Há quem diga que aos domingos procure homens na matiné da danceteria, mas não acredito, até porque é bom cristão, logo, homofóbico. 

PCP 
(Partido Comunista Português) 
O senhor Pedrosa do 1.º esquerdo cumprimenta-me com três 'pá's' por dia. "Bom dia, pá!" "Boa tarde, pá!" "Até logo, pá!"

BE 
(Bloco de Esquerda)
A Joana do 2.º esquerdo é podre de rica, mas preferiu viver neste prédio de classe média. Tem um BMW, mas vai de comboio para o trabalho.

LIVRE
O Augusto do 3.º esquerdo é tal e qual a Joana. Até podia dar romance: são ambos solteiros, bem-sucedidos e simpáticos. Cheira-me que não vai acontecer nada por causa de egos, famílias e escolhas gastronómicas.

PCTP-MRPP 
(é o do Garcia Pereira)
A D. Beatriz do 2.º direito já colocou em marcha o programa deste partido e contratou um senhor com "one particular set of skills" para dar morte ao traidor do marido, que fugiu para Goiás com a sua amante.

PS 
(Partido Socialista)
O senhor Pinheiro do 3.º direito almeja conquistar a direção do condomínio, diz que nasceu para isso. Porém, na última assembleia geral ficou deliberado que nunca tal voltaria a acontecer. Consta-se que houve contas da EDP inflacionadas em PaintArt, para desviar as diferenças através da conta de um amigo.

PDR 
(é o do Marinho & Pinto, Memória Limitada)
O senhor Pintassilgo vive nos arrumos. Foi para aí enviado por decisão dos condóminos, uma vez que não conseguia baixar o tom de voz e entrava em discussões frequentes com os demais habitantes. Consta-se que continua a berrar com caixas de recordações e arcas antigas, ficando contente por vencer todas as discussões.

PNR 
(Partido Nacional Renovador)
O prédio tem uma mascote: um burro. Passa o dia inteiro a comer o pasto da zona verde que se encontra à frente do edifício e tem a particularidade de só reconhecer as pessoas residentes daqui e rejeitar cenouras de outros que vêm de fora. Depois dói-lhe a fazer cocó, por falta de diversidade no palato, mas a caturrice é mais forte do que a capacidade cognitiva.