Relatório de um psicanalista acerca do paciente E.
"À
terceira consulta do paciente E. tive uma sensação de arrebatamento. As
suas palavras fecundaram o meu pensamento e, após uma breve estadia nos
sanitários para alívio sexual, senti a gestação de uma nova ciência.
»Liguei imediatamente à minha mãe para lhe contar a boa nova, ao que ela respondeu:
»- Vai-te foder!
»Assim fiz, e em boa hora, pois as ideias começaram a fluir como um jorro.
»Eis a história do paciente E., nas suas palavras:
»Doutor, estou em crer que estou finalmente em condições para lhe contar o sonho que tem assolado os meus dias.
»Como já mencionei, os meus pais tinham uma vida sexual extremamente activa e faziam-se ouvir em todas as divisões da casa.
»Cresci
com esses sons no meu pensamento, acompanhados por uma espécie de
repulsa que me revolve as entranhas, sempre que viajo para esses
momentos.
»O meu sonho é do mesmo cariz... Sim, de cariz
sexual. Pensava que já havia compreendido. O que sucede é que no sonho
sou eu que estou no acto e... sim, no acto sexual! Estava eu a dizer
que, enquanto estou no imbuído no coito - está bem assim? - , estou ao
mesmo tempo no corredor, como se no imediato fosse o adulto e a criança
que ouve os pais. No momento em que penso que estou perante os meus
progenitores, levanto o lençol e reparo que sou eu que estou a ter
relações sexuais com a minha mãe. E...
»Aonde vai, senhor doutor? Doutor? Ainda não acabou a nossa hora!"
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