- David Lynch
Era noite de Natal. O Pai Natal distribuía presentes por todas as casas.
Apareceu um comboio: alfa pendular. Virou-se para a garrafa de azeite e perguntou:
- Então, isto é que é Marte?
Fim
- Quentin Tarantino
O Pai Natal desceu a chaminé. António, mais conhecido pelo nome de código Matracas, estava à sua espera. Os olhares dos dois cruzaram-se ao som de Al Green.
- António? Ou devo dizer: Matracas? Portaste-te muito mal este ano, não foi? E já sabes o que diz Samuel acerca disso. Capítulo 15, versículo 18: "Enviou-te o Senhor a este caminho e disse: «Vai e destrói totalmente estes pecadores [...] até exterminá-los." Toma a tua prenda.
Antes de cair um pingo de suor da fronte de Matracas, 78 balas perfuraram-lhe o abdómen, espichando sangue por todo o lado: presépio, prendas e árvore de Natal. O Pai Natal sai com ar de dever cumprido. Porém, ainda há vida em Matracas. Antes de entrar em coma, apenas um pensamento vai na sua cabeça:
- Vingança! Tenho que matar o Pai Natal.
Fim
- Michael Moore
Flint, Michigan. Dia 24 de Dezembro. As famílias americanas estão reunidas à mesa para celebrar o Natal. Perto da meia-noite, o Pai Natal pousa o trenó num telhado. Vai descer a primeira chaminé. Não consegue. Está demasiado gordo porque as grandes empresas, que dominam os políticos de Washington, obrigam-no a alimentar-se daquilo que está a matar a América: fast-food.
Fim
- David Fincher
O Pai Natal desce a escura chaminé. O cheiro daquela fuligem é familiar e não muito distante na sua memória. Quando leva às mãos ao saco para retirar os presentes, não os encontra. Sem saber o que fazer, repara que os presentes estão já junto da árvore. Alguém quebrou as regras do "Clube de Natal":
1ª regra: Só o Pai Natal distribui presentes no Natal.
2ª regra: Só o Pai Natal distribui presentes no Natal.
Quem se teria adiantado? Os duendes ajudantes? Rudolfo? Valentim Loureiro?
Não era possível! Eles não existiam. Será que também ele não existia?
Fim
- George Lucas
Há muito, muito tempo. Numa chaminé de uma galáxia distante, estava Pai Natal. Esta chaminé era a última do seu planeta. Lord Gore havia instituído por todo o seu império que as chaminés não eram energicamente eficientes. Mandou eliminá-las. Isso significava que a chaminé onde Pai Natal se encontrava era rebelde. E a última. Para Pai Natal manter o seu emprego teria que eliminar Lord Gore. E assim aconteceu. No auge do combate num bloco de gelo da Antártida, Lorde Gore confessa:
- Pai, eu sou o teu pai!
- Mas só há lugar para um Pai: eu!
- Sim, mas um pai também é filho. E tu és o meu.
- Então porquê eliminar as chaminés? São o trabalho do teu filho!
- Porque pensei que passasses a optar pelas portas. É mais seguro e eu não queria que te magoasses.
- Oh, papá!
Lord Gore desiquilibra-se com o degelo provocado pelo aquecimento global e desaparece nas profundezas do oceano.
Fim
- Stanley Kubrick
O Pai Natal desce pela chaminé. Na sala, um aglomerado de nudistas, apenas de máscara veneziana, esperavam-no:
- Com que então, a tentar entrar clandestinamente neste grupo secreto? Qual é a palavra passe?
- Não sei!
- Pois então vai sofrer as consequências. Katerina, Matilde, Ivanenka! Sentem-se ao colo do gordo!
Fim
- Woody Allen
O Pai Natal desce pela chaminé. Alvy Singer estava sozinho a ler Kirkegaard.
- Oh, não estava à espera que visitasse um judeu ateu. Apesar de desprezar tudo o que representa em termos sociais, respeito a solidão e mascarar-se em idade adulta. Quando a Annie me deixou eu fiz o mesmo. Não descer pela chaminé das pessoas, é claro. Um judeu no Natal só era o melhor presente, se fosse à mesa de Himmler. Disfarcei-me de escaravelho, como na Metamorfose de Franz Kafka, e fui para o Central Park, para mostrar que a solidão também ocorre em espaços abertos. Isso e porque pagar renda no Upper East Side é mais difícil do que fazer o Roosevelt correr os 100 metros barreiras.
Fim
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