sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Criatividade na Praxe


No passado dia 24 de Setembro, uma caloira da Universidade do Algarve deu entrada no hospital, na sequência de uma praxe levada a cabo na praia de Faro. Primeiro, não se sabe bem se se trata efetivamente de praxe ou aconselhamento vocacional, uma vez que a aluna em questão entrou em Biologia e terá ido ver, in loco, a beleza noturna da biologia marinha. Em segundo, se o objetivo da praxe é a integração, foi cumprido com um ligeiro erro geográfico – não foi na universidade, apenas na unidade de emergência do Hospital de Faro.

A praxe consistia em enterrar caloiros na praia e dar-lhes de beber álcool à boca. Quanto à questão do álcool, sou totalmente a favor, considero que aproxima as pessoas, resolve todos os problemas pessoais e facilita relacionamentos íntimos amnésicos. No entanto, o dia a seguir é tramado, como foi para o presidente da Associação Académica da Universidade do Algarve (AAUAlg), Nuno Lopes, que decidiu enfatizar nos meios de comunicação sociais que “a aluna consumiu álcool de livre vontade” e escreveu em comunicado aquela coisa que não quer dizer nada da “situação está a ser avaliada e todas as partes serão ouvidas, no sentido de tomarmos uma posição”. Caro Nuno, é difícil tomar decisões alcoolizado, já todos passámos por isso, pior ainda se tivermos ressacados, nem queremos saber de nada, mas nós, os que estávamos sóbrios a 24, podemos ajudar. E que tal decidirmos a prática da praxe com uma simples questão: “Esta praxe poderá colocar em risco de vida o/a estudante?”

Empreendedorismo e bom senso

Para isso, tenho duas propostas: uma muito moderna e outra proveniente daquela coisa esquisita chamada bom senso.
A primeira é criar ideias para praxes antes dos jantares de cursos. Todas as ideias são boas depois de duas garrafas de vinho verde da casa mas, acreditem, as que são tomadas antes são geniais. Neste sentido, proponho um concurso de ideias de praxe, à laia do empreendedorismo moderno, decididas por um júri, e evitavam-se assim baboseiras de defesa de classe e controlo de danos à hora dos telejornais. 

A segunda é despromover a figura do Dux. Estamos a falar de personagens ou com o complexo Peter Pan, ou que são fruto da compensação emocional parental através de propinas e/ou mudanças de curso. Amigos, tentarem descobrir quem são aos 42 anos a expensas dos pais não é normal, está bem? Estamos a falar de alguém que ascende ao cargo máximo dentre os estudantes universitários pela grande qualidade de ter mais matrículas do que os outros. É o mesmo que eleger para capitão de equipa do Real Madrid o roupeiro, só porque está há mais tempo no clube. O Dux não precisa de participar em atividades de praxe e de ser o bastião do seu código – precisa de explicações. 

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