sexta-feira, 19 de julho de 2013

Novas oportunidades

O Javali adere ao empreendedorismo, muito por causa do empreendedorismo utilizar sertãs antigas, em que fica tudo grudado ao fundo, e promove novos empregos que acabou de inventar:
  • Osculador de casais em transportes públicos - toda a gente conhece ou vivenciou aquele fenómeno em que jovens casais, alienados da existência de vida humana nos seus arredores, promovem limpeza oral na cavidade bucal dos seus parceiros. Isto acontece usualmente em transportes públicos de todos os géneros. O que se propõe é apenas alguém que lhes dê um banho de realidade, daí a criação do Osculador de casais em transportes públicos, figura que tem como competência intrometer-se entre os casais, sem nunca falar, lambendo à vez as bochechas das parelhas.
  • Bobo da Segurança Social - recuperar a figura do bobo medieval e utilizá-lo nos edifícios da Segurança Social, quer para animar as filas para atendimento, quer para reanimar os funcionários dos guichês.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Prémio de Fundo

Elogio público proferido em 4 de Julho de 2013, na suite tropical do motel Hours and Minutes, por Billy Foxxx, presidente da cadeia de filmes em DVD In & Out, a propósito da aposentação de Dick Hammer (John Mendoza, na vida real), com quem colaborou em mais de 250 filmes (só nos últimos dois meses):

« Boa noite a todos.
» É com um sentimento enorme, duplamente inverso, que começo esta intervenção.
» Aliás, enorme era a sua alcunha no plateau.
» Duplamente foi como entrou Hammer em todos os cenários dos filmes em que participou: como actor e como seu duplo.
» Convém, neste dia, exaltar as portas que Dick abriu; as fronteiras que derrubou; os preconceitos que extinguiu.
» Poderia ter sido somente mais um actor, no limiar da sombra da fama. E assim foi durante duas semanas, com uma participação insípida em apenas 78 filmes. Tudo muda com o papel principal em Espeta-Cu(no)Lar, o filme que alarga ainda mais o mercado do nosso cinema.
» No papel de Jack, o ajudante de cozinha que coloca a comida nos tabuleiros do lar Belly Tits, começa a dar vida a pessoas que pensavam que aquela iria ser a sua última morada, animando as horas de refeição com equilíbrio de tabuleiros sem mãos sobra a sua p...
» Desculpe? Ah, é para terminar? Já termino! Já termino!
» Basicamente, aquilo era uma espécie de Cocoon mas em que os velhotes ganhavam vida pela proeminência de Jack.
» O que isto significa é que, depois deste filme, tivémos um boom de visitas no nosso site por uma faixa etária que até então nem sequer sabia utilizar um PC.
» Antes de terminar, ergamos a taça de champanhe como Jack equilibrava tabuleiros, e brindemos a Dick, que se aguentou de pé até ao fim.
» Para terminar, convido-vos a assistir a um espectáculo de pirocotecnia pela companhia "Espadas d'Aço".
» Obrigado.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

O escritor que se esqueceu de escrever VI

(continuação da continuação da continuação da continuação da continuação - parte 5 aqui)

  • Fui Ver e Não Ouvi Nada (2029), romance
Primeiro livro na editora Antártida de Limão, mostra um Bruno com pouca força literária, gasto pelos eventos precedentes.
Neste romance, encontramos uma espécie de paródia, em que três pessoas padecem de falta de inatismos:
Dan só consegue andar em linha recta e o máximo que consegue curvar é em ângulo de três graus (mesmo de carro). Isto implica, desde muito cedo, uma enorme estratégia geográfica por parte de Dan, levando-o a conhecer países inteiros em saídas para ir comprar pão. Mesmo a sua casa é rectilínia, "Um T0 com 4 quartos", como costuma definir Dan, pois mais parece um corredor onde fazem lavagens automáticas de carros. Situada no meio da estrada, é contornada pelos veículos que circulam. Sai de frente e volta de marcha-atrás. Morre numa viagem de comboio que, à partida seria em linha recta, mas sofre um desvio por queda de uma ponte e na curva imprevista, Dan continua a caminhar no ar sobre o desfiladeiro de Aralsk.
Joseph não caminha: rasteja. Tudo o que implique visão acima da altura dos seus tornozelos causa-lhe náusea e tontura. Não se sabe se tem medo de alturas, tem-se a certeza que tem medo de alturinhas. Raramente sai de casa, sobretudo depois de se ter tornado milionário. A fortuna adveio da invenção de micro-borrifadores internos de sapatos, que eliminam o odor ao milésimo de segundo, sempre que o cheiro atinge 3.2 na escala de Grenouille. Morre afogado numa poça, debaixo de uma pessoa que tropeçou e caiu sobre Joseph, na fila de espera para comprar bilhete para a peça de teatro José, o pintor de rodapés.
Louis não caminha nem rasteja: levita. Ou pensa que levita. Na realidade, anda com andas. Não numas andas normais, pois não gosta de sentir solidez sob os pés, mas numas em que poisa os pés numa espécie de bolsas de gel, como se vogasse sobre o mar. Dorme sozinho no andar de cima do beliche. Não usa sanita. Aliás, a opção por um buraco a la caçador tornou-o perito em pontaria. Depressa ganha o cognome de Americano, numa clara alusão ao basquetebol, tal a eficácia em colocar objectos em buracos, a distâncias consideráveis. A altura que possuía com as andas coadjuvava a alcunha. Segue a tropa, onde acaba por singrar num batalhão de operações secretas, sendo as suas especialidades: explosivos, atalaia e 'snaipismo'; as duas últimas fazia em simultâneo, uma vez que apoiado numa das andas, parecia que estava agarrado a um poste, de vigia; com a adaptação da espingarda na outra anda, bastava levantar o braço para poder disparar. Foi nesta fase que também ganhou a alcunha de Sassi, por ser o único sniper que disparava ao pé coxinho (ou à anda coxinha, para ser mais preciso).
O livro termina abruptamente pois, quando se pensava que estas três personagens se poderiam encontrar, morrem Dan e Joseph, enquanto Louis era perseguido por Brad, o polícia que apenas se locomovia dentro de um saco de batatas.
A crítica foi severa com Fui Ver e Não Ouvi Nada, uma vez que apodou o romance de ser uma manta de retalhos desconexa (creio que 'idiota' foi a palavra empregue), que parecia inacabado. E de romance parecia ter muito pouco. Bruno respondeu por caniche-correio a João Bombarda, o crítico do Ipsilom, com as seguintes frases: "Querias romance? Em vez de te dar a ti, optei por dá-lo à tua mulher! Não um, mas seis romances. À tua grand danois dei só dois. Remetente: Bruno. Morada: Casa da tua mãe."
Era nítida a desorientação e, sobretudo, a perda de aptidões sociais do escritor. Pelos vistos, as aptidões românticas permaneceram intactas. Já João Bombarda, divorciou-se no mês seguinte e mandou abater a grand danois, de seu nome Baby, um dia depois.

(continua a continuar a continuação da continuação da continuação da continuação aqui)

terça-feira, 16 de julho de 2013

Insane in the brain

A imagem que se encontra abaixo ilustra uma notícia online do site da TVI24, com o título:
 
Americano com amnésia acorda a falar sueco
 
Até aqui tudo bem, uma notícia que poderíamos apodar de normal no meio de comunicação citado.
O que impressiona é a imagem que o site decide postar para ilustrar a notícia.
 
 
 
Aliás, mais do que a imagem, o que impressiona é a legenda da figura. "EM BAIXO: Cérebro"
 
Significará isto que a TVI24 ganhou, finalmente, consciência?
Decidiu informar os seus leitores e espectadores da existência de algo que, até ver, parece não possuirem?



quinta-feira, 4 de julho de 2013

O escritor que se esqueceu de escrever V

(continuação da continuação da continuação da continuação - parte 4 aqui)
  • Da Pasteurização do Corpo (2021), romance
No seguimento da investigação que desenvolveu para a peça de teatro O Verdugo Não Quer Ser Porteiro, Bruno lança este romance logo após o noticiamento que abalou o país, quando os meios de comunicação social revelaram que os últimos três directores do FPAS haviam desviado avultados fundos para fins pessoais. Ainda se pensou que a notícia pudesse ter sido veiculada anonimamente por Bruno, mas logo depois entra nas livrarias a sua visão pessoal acerca deste caso, sob a forma de romance.
Numa espécie de parábola, o romance trata de três directores de uma associação de surdos que, pouco depois de assumirem o cargo, ficam também eles privados de sons exteriores.
A súbita surdez de pessoas que até então estavam aptas nos cinco sentidos provocou grande comoção social. Grupos formaram-se na crença de que os directores ensurdeceram por osmose, numa espécie de missionação sacrificial. Outros aproveitaram-se para incutir a ideia de que as nomeações políticas não promoviam economicamente antigos dirigentes, bem pelo contrário, indo ao encontro da ideia dos grupos que enfatizavam o sacrifício.
A queda surge no último terço do livro quando Lourenço, bastardo do segundo director, revela aos meios de comunicação social que a surdez advém da pilotagem de biplanos. Os directores haviam transferido fundos da associação para contas pessoais e utilizado o dinheiro para adquirir biplanos e pagar a avença mensal no aeródromo de Maceda. A surdez surgia como consequência do barulho dos motores dos aviões.
O livro termina com o apedrejamento público dos três directores, que nem ouviram as pedras a partir-lhes os crânios.
Bruno tentou fazer passar uma dupla mensagem: se as pessoas criam os seus santos têm o direito, enquanto criadores, de os poderem matar; a surdez como decadência física adveio de uma cedência moral, daí o título do livro: a ideia de que o corpo se preserva pela consciência.  
  • Lúcia, a Vendedora de Santuários (2025), romance
Depois de quatro anos de silêncio e após ter sido presenteado com inúmeros ataques e pressões, inclusive um ataque de um enxame de vespas que lhe valeram duas semanas de internamento, Bruno regressa com um romance nada apaziguador.
De acordo com a sua autobiografia, lançada em 2032, esta história surgiu-lhe quando estava internado no Hospital Carmelita de Rilhafoles, a recuperar do ataque das vespas histéricas. Bruno terá descoberto no interior da velha cama de ferro um documento de compra e venda do santuário de Fátima ao Estado Português, datado de 1938. O romance versa sobre esta temática.
O grupo ultra-secreto, com o nome de JEOVAX, é especializado em mediação imobiliária de santuários. Os seus membros são recrutados dentre os párocos que conseguem angariar maiores esmolas. Até aqui tudo bem. Só que os santuários não abundam. É necessário criá-los.
Assim se inicia uma viagem aos meandros da gestação de espaços sagrados.
Lúcia, personagem principal do livro, actriz de profissão, é contratada para fazer de Maria em territórios inóspitos. Na sua primeira aparição, Bruno opera um comparativo irónico, ao colocar a aparição de Maria a par das aparições das figuras públicas em festas e discotecas, mostrando que as massas afluem ao encontro de figuras conhecidas, sob a luz da fama.
O modus operandi da JEOVAX é bastante simples:
  1. Escolhem um local semi-deserto com boa profusão de luz e som
  2. Contratam uma actriz (neste caso, Lúcia)
  3. A actriz engole 666 pirilampos
  4. Por meio de engodo (chupas ou rebuçados), fazem 2 ou 3 crianças aparecerem no local inóspito
  5. A actriz surge no topo de uma árvore, reluzente, com uma mensagem secretista
  6. Deixam o buzz marketing fazer efeito, coadjuvados pelo pároco local
  7. Romaria massiva ao local, com nova aparição da actriz, agora ainda mais reluzente, encandeando os fiéis e provocando uma cegueira colectiva, que faz os fiéis acreditar que viram a coisas que lhes disseram
  8. As terras, até então propriedade privada, passam para as mãos da JEOVAX, por uso capião da fé
  9. Investimento no local com novas infra-estruturas para valorização do terreno
  10. Venda ao Estado local do imóvel, ficando sempre na posse da patente do franchising
Entretanto, Lúcia conhece Henrique, jornalista de investigação, por quem se apaixona. Henrique começa a desconfiar de Lúcia, uma vez que deixa de conseguir dormir à noite, tal é a luz que ela emana. Ante o silêncio de Lúcia, Henrique enceta uma investigação que o leva ao âmago da JEOVAX.
Henrique interroga Lúcia e pede-lhe para ela tornar pública a informação que possui. No dia em que assente, Lúcia desaparece.
Henrique entra numa espiral de loucura. Estava duplamente perdido: sem amor, sem profissão.
Em jeito de epilogo, Bruno oferece-nos um final esotérico-sarcástico: Lúcia reaparece intermitentemente. Ou seja, torna-se aparição. Porém, só consegue aparecer em cabines de peep shows, naquilo que se torna num novo segmento de negócio das sex shops.
  • Dois Dedos no Tinto (2027), aforismos 
Depois de Lúcia, a Vendedora de Santuários, Bruno refugia-se numa herdade perto de Vendas Novas. Na altura, constava que se havia tornado produtor de vinho, face à desilusão que lhe havia provocado a literatura. A literatura, não. Mais as não consequências da sua literatura. Segundo apurámos, a reclusão de Bruno foi um acto de inacção: reflexo da inacção social face ao que havia denunciado. A sociedade havia abraçado a polémica pela polémica e continuava ávida de novas polémicas, não de mudanças.
Deste modo, tornou-se consumidor de vinho. Nunca produtor. Aliás, o desejo era o de não mais produzir.
Dois Dedos no Tinto foi o inteligente título que Nélson Baltasar (editor e amigo de Bruno) forjou para o último livro de Bruno na sua editora. O editor contou-nos que quando visitava o autor e o tema da conversa enveredava para a literatura, Bruno vociferava impropérios e dizia que se escrevesse, as linhas não mais sairiam do seu cérebro, apenas do fundo das garrafas de 75 cl. Molhava os dedos no copo e escrevia em guardanapos de papel frases soltas. Olhava para a garrafa e depois para Nélson, proferindo frases do género: "Esta não é minha. Põe aí no topo do guardanapo: escrita por Dão de 2007."
Da resma de guardanapos brotou este livro de aforismos, que contou com uma edição comemorativa e facsimilada em 2057, patrocinada pela Renova e que teve ainda uma edição limitada de 15 exemplares em embalagens clássicas, vendidos anonimamente em ilhas de hipermercados.
(continua a continuar a continuação da continuação aqui)

terça-feira, 2 de julho de 2013

O Inventor de Fobias Literárias

Entretanto, no gabinete de fobias, departamento literário, está a trabalhar Joaquin Villaverde. Objectivo diário: dez novas fobias literárias.
  • Brownofobia - Leitores que acusam Dan Brown de plagiar José Rodrigues dos Santos. Reúnem-se anualmente a 3 de Fevereiro numa pensão de Vila Nova de Milfontes. Acredita-se que neste local terá sido escondido o gancho que prendia o cabelo de Jesus Cristo, retirado antes da coroação espinhosa. Em 2013, o tema foi: "As gajas qu'o Tomás Noronha come são muito mai'boas qu'as do Langdon".
  • Cleenexofobia - Leitores que recusam a lamechice. Ocorre frequentemente entre os padecentes a auto-flagelação e a auto-mutilação (usualmente após a leitura de autores como Torey Haden) sempre que sentem que as histórias atingem os canais lacrimais. Optam por sobrepor o choro pela dor física ao soluçar pela dor psicológica. 
  • Gramaticofobia - Leitores que abominam o uso devido da gramática portuguesa. Não confundir com devotos de José Rodrigues dos Santos.
  • Sagofobia - Leitores com aversão a sagas. Também conhecidos como grupo de luto, sobretudo por a sua maioria serem filhos da seita que se suicidou colectivamente após a publicação do último caso de Poirot, ou dos pais que assistiram à morte dos seus filhos por inspiração potteriana: voos picados em vassouras desde o 7º andar; mortes em apeadeiros como Aguda ou Paramos, à espera da locomotiva para Hogwarts.
  • Saramagofobia - Leitores que tentam converter o paganismo dos textos de José Saramago, adulterando a virgulação e fazendo circular no mercado negro estes novos textos, com o apodo de litúrgicos.
  • Strechtofobia - Leitores que arremessam livros do Eduardo Sá em direcção ao Pedro Strecht.
  • Triofobia - Leitores que só lêem a primeira parte de trilogias, sob receio que o desfecho não corresponda ao início. Em 90% dos padecentes encontramos check-ins voluntários na ala psiquiátrica do Magalhães Lemos designada de Trio Odemira, com perguntas frequentes como: "Será que o Frodo consegue destruir o anel?" ou "Será que a Rose se vai emancipar?" (Relativo à Trilogia das Nuvens de Nora Roberts).
  • Valterofobia Parcial - Leitores que apenas suportam os livros de Valter Hugo Mãe. Tudo o que implique intervenções fora dos livros, os leitores fecham-se em divisões insonorizadas. Curiosamente, desde que saiu o primeiro número da Granta portuguesa, os padecentes passaram também a vendar os olhos.
17h00: Hora de saída.
Joaquin Villaverde termina o dia nas oito fobias, pois dois dígitos não dão sorte e chegar à nona era aproximar-se demasiado do número azarento. Sai da sala sem nunca tirar os olhos das lombadas dos livros de Céline, sai à rua de lado mas volta a recolher ao gabinete ao aperceber-se que os sinos dobram, mas não se sabia por quem.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

O Inventor de Fetiches Literários

Entretanto, no gabinete de invenção de fetiches, departamento literário, está a trabalhar Xurxo Villaverde. Objectivo diário: dez novos fetiches literários.
  • Badanofilia - Leitores que lambem as badanas dos livros e abominam todos os livros que não contenham as supracitadas. Reúnem-se duas vezes por ano: a 1 de Julho, para swing de badanas, no Motel Tropicana; a 3 de Outubro, para lançamento de livros de bolso ao Oceano Atlântico, no cabo da Roca.
  • Bestselofilia - Leitores que só lêem livros com vendas acima dos cinquenta mil exemplares. Curiosamente, só acreditam em Q.I.'s abaixo do índice 80.
  • Heroinonimismo - Leitores que procuram heróis que morrem no fim dos livros. Reúnem-se anualmente, a 6 de Junho, para queima pública de livros de Laurinda Alves.
  • Lombadofilia - Leitores que praticam açambarcamento no sentido de organizar bibliotecas pessoais consoante tamanho, cor, espessura e tipo de letra das lombadas.
  • Memorialismo transcendentista - Leitores que apenas lêem histórias baseadas em relatos reais, desde que contenham doses massivas de treta, como idas ao céu ou mutilação genital. 
  • Montevideofilia - Leitores que apenas degustam livros de escritores nascidos em Montevideo e, por conseguinte, cospem em tudo o que seja proveniente do lado de lá da foz do La Plata.
  • Paginofilia Trintaista - Leitores que se excitam nas páginas 30 dos livros, mesmo nos tratados fotográficos de Micologia.
  • Palofilia - Leitores que acreditam que não existem livros para além de José Rodrigues dos Santos ou Nicholas Sparks.
  • Rescendofilia - Leitores que escolhem livros pelo cheiro das páginas.
  • Sinopsismo - Leitores que compram livros apenas para ler as sinopses e escrever longamente sobre o que leram (vulgo, inventar).
17h00: Hora de saída.
Xurxo Villaverde faz um barco de papel com a página 8 do Coração das Trevas, lambe as duas badanas do Complexo de Portnoy e voga para casa de mãos nos bolsos, com o pensamento em Olga do Mapa e Território.