O regresso à PruX desta grande autora e, ainda por cima, num Sábado, só para provar que não é calona, ou calã, ou... Para provar que não é preguiçosa. Tem aquele problema, sim senhor, mas não é mandriona.
Margarida Rebél'ó Pito traz-nos As Mil Sagres Bebem-se Devagar, uma história que faz a apologia à vida regrada.
A protagonista do livro, também ela Margarida, tenta demonstrar às pessoas que a rodeiam que devemos regressar a certas tradições. Vejamos esta passagem:
- Lourenço, gostava de viver na época da 1ª República.
- Porquê, gostavas de viver numa época em que os políticos se batiam por ideais?
- Idei quê? Não, quando havia em Portugal 90% de população analfabeta e quem soubesse escrever era rei; ou rainha.
- Ah! Já tivemos esta conversa. Podes resolver o teu problema com um dicionário e uma gramática.
- Eu sei. Mas também sabes que as definições confundem-me. Então, agora, as palavras têm significados com outras palavras? E já viste bem o tamanho dos dicionários? Quem precisa de tantas palavras?
- Porque não usas uma app?
- Uma quê?
- Uma app de telemóvel com dicionário. Nem precisas de folhear; é só escrever a palavra que procuras.
- A sério? Vou já fazê-lo!
- O que é que estás a fazer?
- Estou a instalar a app.
- Eu disse no telemóvel; isso é uma estante!
- Ah! Como é um móvel e tem a TELEvisão em cima, pensei que também dava.
A não perder!
sábado, 15 de novembro de 2014
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
A luz dentro do túnel
Olá! Olá! Está aqui alguém?
Marketeer
Marketeer
Sim, estamos aqui todos.
Marinheiro
Como assim, todos? São muitos?
Marketeer
Marketeer
Vinte e um. Neste momento, estamos vinte, porque o Alberto só gosta de fazer o turno da noite.
Marinheiro
Mas está tão escuro! Como é que conseguem distinguir o dia da noite?
Marketeer
Na realidade, não conseguimos. Só o Alberto. Ele já tentou vir de dia, mas começou a derreter.
Marinheiro
É vampiro?
Marketeer
Ridículo! Os vampiros não existem, homem! O Alberto é um ciclope e tem uma doença de pele muito rara. Mas diga lá ao que vem.
Marinheiro
Venho apresentar-me ao serviço. Para o posto de guarda... costeiro.
Marketeer
Muito bem. Vá ter com o João junto do barco.
Marinheiro
Barco? Existe mesmo água aqui?
Marketeer
Sim, não está a ouvir?
Marinheiro
Não é possível! Isto é um túnel! Estão a passar carros na faixa de lá! Quando me disseram aonde era o serviço pensei que era gozo dos meus camaradas. Como ando sempre a coçar-me nas partes... nos guiz... a coçar-me, achei que estavam a mangar. O meu comandante disse-me: "Joaquim, tanta comichão só passa assim que entrares no túnel." Nunca pensei que fosse um túnel túnel. Pensei que era um túnel figurado, daqueles que permite deixar de ter... afrontamentos...
Marketeer
Bem-vindo ao túnel túnel.
Marinheiro
Mas o que se passa aqui?
Marketeer
O que se passa aqui é a realização do meu sonho: uma praia escura num túnel.
Marinheiro
O que é que isso tem de bom?
Marketeer
Já reparei que o meu amigo não tem complexos. E mesmo neste escuro continua com as mãos nas partes baixas.
Marinheiro
Consegue ver?
Marketeer
Não. Mas conheço o som do indicador a afagar o saco escrotal. Mas deixe-se estar. Este é o espaço para as pessoas se libertarem de complexos. E é sempre quentinho; o túnel absorve o monóxido de carbono como ninguém.
Marinheiro
Complexos?
Marketeer
Sim. Antes da existência desta belíssima praia, já eu adorava a praia mas não ia. Tenho muitos sinais nas costas. Tenho vergonha de um em particular, que parece um urso a sodomizar a minha mãe. Mas descobri que, como eu, havia muitos. E se não fosse por causa dos sinais era porque por causa de serem muito brancos ou gordos ou...
Marinheiro
Não seria mais fácil ir a um dermatologista ou a um psicólogo, de modo a resolver os complexos.
Marketeer
Era. Mas isso não resolvia o problema dos gordos, porque não há médico nem dieta que os demova dos croissants. Resultado: continuariam a não ir à praia. E agora pergunto eu: onde poderia encontrar um badocha para gozar?
Marinheiro
Como?
Marketeer
E quem diz gozar, diz atirar donuts para a faixa dos carros, e dizer: "Oh meu Deus, era o último!"
É vê-los a correr!
Marinheiro
Então isto não tem nada de filantrópico; é só sadismo!
Voz indistinta
Homem ao mar!
Marketeer
Homem ou badocha?
Voz indistinta
Badocha!
Marketeer
Tenho de ir. Começou o jogo "hipopótamo à água". Vou ali atirar umas fatias de piza amarradas a tijolos e já volto a falar consigo.
Marketeer
Muito bem. Vá ter com o João junto do barco.
Marinheiro
Barco? Existe mesmo água aqui?
Marketeer
Sim, não está a ouvir?
Marinheiro
Não é possível! Isto é um túnel! Estão a passar carros na faixa de lá! Quando me disseram aonde era o serviço pensei que era gozo dos meus camaradas. Como ando sempre a coçar-me nas partes... nos guiz... a coçar-me, achei que estavam a mangar. O meu comandante disse-me: "Joaquim, tanta comichão só passa assim que entrares no túnel." Nunca pensei que fosse um túnel túnel. Pensei que era um túnel figurado, daqueles que permite deixar de ter... afrontamentos...
Marketeer
Bem-vindo ao túnel túnel.
Marinheiro
Mas o que se passa aqui?
Marketeer
O que se passa aqui é a realização do meu sonho: uma praia escura num túnel.
Marinheiro
O que é que isso tem de bom?
Marketeer
Já reparei que o meu amigo não tem complexos. E mesmo neste escuro continua com as mãos nas partes baixas.
Marinheiro
Consegue ver?
Marketeer
Não. Mas conheço o som do indicador a afagar o saco escrotal. Mas deixe-se estar. Este é o espaço para as pessoas se libertarem de complexos. E é sempre quentinho; o túnel absorve o monóxido de carbono como ninguém.
Marinheiro
Complexos?
Marketeer
Sim. Antes da existência desta belíssima praia, já eu adorava a praia mas não ia. Tenho muitos sinais nas costas. Tenho vergonha de um em particular, que parece um urso a sodomizar a minha mãe. Mas descobri que, como eu, havia muitos. E se não fosse por causa dos sinais era porque por causa de serem muito brancos ou gordos ou...
Marinheiro
Não seria mais fácil ir a um dermatologista ou a um psicólogo, de modo a resolver os complexos.
Marketeer
Era. Mas isso não resolvia o problema dos gordos, porque não há médico nem dieta que os demova dos croissants. Resultado: continuariam a não ir à praia. E agora pergunto eu: onde poderia encontrar um badocha para gozar?
Marinheiro
Como?
Marketeer
E quem diz gozar, diz atirar donuts para a faixa dos carros, e dizer: "Oh meu Deus, era o último!"
É vê-los a correr!
Marinheiro
Então isto não tem nada de filantrópico; é só sadismo!
Voz indistinta
Homem ao mar!
Marketeer
Homem ou badocha?
Voz indistinta
Badocha!
Marketeer
Tenho de ir. Começou o jogo "hipopótamo à água". Vou ali atirar umas fatias de piza amarradas a tijolos e já volto a falar consigo.
O Portas da Corrupção
Ó meu menino, não se brinca com esta temática!
Porquê?
Porque sim.
Porque sim não é resposta!
O Portas da Corrupção de Aldo Suxley mostra o lado mais obscuro do Facebook. É uma história de intriga, administradores de páginas corruptos e vistos gold.
Ao primeiro dia, Zuckerberg criou o Facebook e era bom. Porém, ainda no primeiro dia, mas da parte da tarde, outros valores se impunham. Zuckerberg tinha que transformar o Facebook numa máquina de fazer dinheiro. A ideia original era criar um espaço democrático virtual, mas depressa viu que as democracias se alimentam de pilim.
Quem beneficiou desta medida foi Johnny Portas, administrador da página de Facebook Submarines in my backyard. A sua página contava com mais de 10 milhões de seguidores mas, para os seus posts chegarem a todos os fãs, tinha que pagar ao senhor Zuckerberg.
Portas ficou indignado: não porque os seus posts não chegavam a toda a gente; mas porque pretendia que os seus posts chegassem a um número de pessoas seleccionadas por ele.
Marcou uma reunião com Zuckerberg e foi aí que se estabeleceu o princípio dos vistos gold. Sempre que Portas publicasse um post pago, saberia se as pessoas que lhe interessavam o tinham visto, através da mensagem 'visto', em tom dourado.
Grande parte dos 10 milhões de seguidores nunca veria esses posts e só saberia da sua existência quando fosse tarde de mais: duas horas depois ou, horror dos horrores, no dia seguinte.
Siga o pavor dos seguidores que não acompanham os posts, na hora, das suas páginas favoritas, tudo porque não tiveram direito a um visto gold.
Porquê?
Porque sim.
Porque sim não é resposta!
O Portas da Corrupção de Aldo Suxley mostra o lado mais obscuro do Facebook. É uma história de intriga, administradores de páginas corruptos e vistos gold.
Ao primeiro dia, Zuckerberg criou o Facebook e era bom. Porém, ainda no primeiro dia, mas da parte da tarde, outros valores se impunham. Zuckerberg tinha que transformar o Facebook numa máquina de fazer dinheiro. A ideia original era criar um espaço democrático virtual, mas depressa viu que as democracias se alimentam de pilim.
Quem beneficiou desta medida foi Johnny Portas, administrador da página de Facebook Submarines in my backyard. A sua página contava com mais de 10 milhões de seguidores mas, para os seus posts chegarem a todos os fãs, tinha que pagar ao senhor Zuckerberg.
Portas ficou indignado: não porque os seus posts não chegavam a toda a gente; mas porque pretendia que os seus posts chegassem a um número de pessoas seleccionadas por ele.
Marcou uma reunião com Zuckerberg e foi aí que se estabeleceu o princípio dos vistos gold. Sempre que Portas publicasse um post pago, saberia se as pessoas que lhe interessavam o tinham visto, através da mensagem 'visto', em tom dourado.
Grande parte dos 10 milhões de seguidores nunca veria esses posts e só saberia da sua existência quando fosse tarde de mais: duas horas depois ou, horror dos horrores, no dia seguinte.
Siga o pavor dos seguidores que não acompanham os posts, na hora, das suas páginas favoritas, tudo porque não tiveram direito a um visto gold.
SMS histórica XX
Logo após saber que tinha sido laureado com o Prémio Nobel da literatura, José Saramago enviou imediatamente uma SMS a António Lobo Antunes.
quinta-feira, 13 de novembro de 2014
Quem disser o contrário é porque é c*brão
Chiça, parece que foi ontem!
Não é que já passaram 5 semanas desde que o Murakami perdeu o prémio nobel?
A PruX oferece hoje um manual que não é automático. Quem disser o contrário é porque é c*brão de O Mário é do Car*lho é um guia de escrita de ficção que é, ao mesmo tempo, um livro de ficção.
Confusos?
Eu também!
Vou tentar explicar. Trata-se de um almanaque que explica em 12 passos como deixar um leitor agarrado à ficção:
1. Gancho: prender logo o leitor, escondendo uma substância aditiva na página da dedicatória, por exemplo, besuntá-la com LSD.
2. Filtros: ter duas páginas com picotado para filtros porque dá bué estilo ler e fumar.
3. Enfrentar o elefante: o livro deve deixar o leitor desconfortável e a ter que enfrentar o elefante na sala. Com a substância do ponto 1 a fazer efeito será mais fácil, e é muito giro ver elefantes magenta a voar numa sala de 12 metros quadrados.
4. Fornecer oásis literários: depois do impacto inicial, o leitor deve sentir que teve um benefício por ter enfrentado o elefante, como caminhar por um deserto e encontrar finalmente água.
5. Esquecer o elefante: incluir uma história ainda mais espatafúrdia sob pena de o leitor ainda vai estar a olhar para o elefante voador; ou pior, deixar o livro de lado para lamber rodapés. Aconselha-se o uso de onomatopeias para assustar o leitor, como rangidos desconhecidos ou sons de passos.
6. Água: não se esqueça de continuar a repor os níveis de sais minerais do leitor.
7. Entrar em mundos desconhecidos: fornecer pistas e pequenos vislumbres do desconhecido. O rangido vinha da porta da cozinha que era alérgica ao vento da marquise. Já o som de passos era de uma colónia de formigas que vivia debaixo do tapete da sala e estavam a coreografar Fred Astaire junto do microfone do Singstar.
8. Água: nunca esquecer a água, essencial para quem pratica maratonas de leitura.
9. Êxtase final: onde tudo se liga. O leitor chega à conclusão que está tudo conectado: o rangido da porta e o sapateado das formigas estão a deixá-lo maluco. Pega no fio que estava a prender o elefante e solta-o sobre as formigas. Antes de falecerem, as formigas ainda gozam com a cor do paquiderme e este, envergonhado, destrói a porta da cozinha, antes de se atirar pela janela da marquise, levando com ele todo o vento. O leitor não sente aragem nenhuma. O elefante ficou com todos os tipos de vento dentro dele. O leitor esconde-se na casa de banho aterrorizado porque causou o fim do vento. Desmaia junto do bidé com o microfone do Singstar na mão, ao som das Amarguinhas.
10. Recobro: o leitor acorda e não sabe em que lugar está. Tem apenas sede.
11. Sentimento de viagem: o livro tem que fazer com que o leitor sinta que fez uma viagem para o desconhecido, mesmo que seja para as traseiras de um bidé, ou um consultório clandestino em Banguecoque com um rim a menos.
12. O bom medo de regressar: por último, o livro tem que fazer o leitor sair de casa para procurar outro livro que alimente o seu vício. Tem que o fazer entrar numa livraria e perguntar por outro livro do mesmo autor e não se importar de estar nu e a coçar-se todo.
Não é que já passaram 5 semanas desde que o Murakami perdeu o prémio nobel?
A PruX oferece hoje um manual que não é automático. Quem disser o contrário é porque é c*brão de O Mário é do Car*lho é um guia de escrita de ficção que é, ao mesmo tempo, um livro de ficção.
Confusos?
Eu também!
Vou tentar explicar. Trata-se de um almanaque que explica em 12 passos como deixar um leitor agarrado à ficção:
1. Gancho: prender logo o leitor, escondendo uma substância aditiva na página da dedicatória, por exemplo, besuntá-la com LSD.
2. Filtros: ter duas páginas com picotado para filtros porque dá bué estilo ler e fumar.
3. Enfrentar o elefante: o livro deve deixar o leitor desconfortável e a ter que enfrentar o elefante na sala. Com a substância do ponto 1 a fazer efeito será mais fácil, e é muito giro ver elefantes magenta a voar numa sala de 12 metros quadrados.
4. Fornecer oásis literários: depois do impacto inicial, o leitor deve sentir que teve um benefício por ter enfrentado o elefante, como caminhar por um deserto e encontrar finalmente água.
5. Esquecer o elefante: incluir uma história ainda mais espatafúrdia sob pena de o leitor ainda vai estar a olhar para o elefante voador; ou pior, deixar o livro de lado para lamber rodapés. Aconselha-se o uso de onomatopeias para assustar o leitor, como rangidos desconhecidos ou sons de passos.
6. Água: não se esqueça de continuar a repor os níveis de sais minerais do leitor.
7. Entrar em mundos desconhecidos: fornecer pistas e pequenos vislumbres do desconhecido. O rangido vinha da porta da cozinha que era alérgica ao vento da marquise. Já o som de passos era de uma colónia de formigas que vivia debaixo do tapete da sala e estavam a coreografar Fred Astaire junto do microfone do Singstar.
8. Água: nunca esquecer a água, essencial para quem pratica maratonas de leitura.
9. Êxtase final: onde tudo se liga. O leitor chega à conclusão que está tudo conectado: o rangido da porta e o sapateado das formigas estão a deixá-lo maluco. Pega no fio que estava a prender o elefante e solta-o sobre as formigas. Antes de falecerem, as formigas ainda gozam com a cor do paquiderme e este, envergonhado, destrói a porta da cozinha, antes de se atirar pela janela da marquise, levando com ele todo o vento. O leitor não sente aragem nenhuma. O elefante ficou com todos os tipos de vento dentro dele. O leitor esconde-se na casa de banho aterrorizado porque causou o fim do vento. Desmaia junto do bidé com o microfone do Singstar na mão, ao som das Amarguinhas.
10. Recobro: o leitor acorda e não sabe em que lugar está. Tem apenas sede.
11. Sentimento de viagem: o livro tem que fazer com que o leitor sinta que fez uma viagem para o desconhecido, mesmo que seja para as traseiras de um bidé, ou um consultório clandestino em Banguecoque com um rim a menos.
12. O bom medo de regressar: por último, o livro tem que fazer o leitor sair de casa para procurar outro livro que alimente o seu vício. Tem que o fazer entrar numa livraria e perguntar por outro livro do mesmo autor e não se importar de estar nu e a coçar-se todo.
SMS histórica XIX
No famoso dia em que Salazar caiu da cadeira, acto que levaria ao seu afastamento do poder, o ditador ainda teve lucidez para enviar uma SMS ao carpinteiro:
Da condição feminina e piqueniques II
(Continuação do relato da D. Adosinda) - Lê a primeira parte aqui.
Chegamos à mata da Gafanha da Encarnação por volta das 6 e 30. Já lá estava a minha irmã Alice a guardar lugar e, por isso, quem ficou de trombas foi a Gertrudes, que chegou depois. A minha irmã perguntou-me se aquilo eram horas de chegar, eu pedi desculpa, e o meu homem virou-se para mim:
«Aquilo é que é uma mulher. Se eu soubesse o que sei hoje, tinha casado com a tua irmã.»
E ainda bem que não o fez, só andou enrolado com ela aqueles dois anos e deixou-a, porque ele é bom homem e muito trabalhador; tive muita sorte!
Descarreguei a carrinha e o meu homem ainda me ajudou com a arca; ele gosta de começar a beber cedo, diz que relaxa melhor assim. Eu não acho, até porque ele relaxado fica com a mão mais pesada! Tive um hematoma aqui, na maçã do rosto, que demorou a desaparecer quase um mês e foi, precisamente, quando ele chegou a casa às tantas, de estar na tasca com os amigos.
A Alice e eu começámos a tratar do almoço enquanto os homens jogavam à malha: pôr toalhas, montar as tendas, dispôr os pratos, ligar o camping gaz para aquecer a comida e ainda nos rimos muito quando vimos que as duas trouxémos talheres:
«Então, eu não te disse que esta era a minha vez? Vieste carregada para nada!»
Que belo momento! Os homens ouviram-nos a rir e gritaram lá de longe:
«Estão a rir-se de quê? Vejam lá é se esquecem da comida ao lume! Raio das mulheres! Tem que se 'tar sempre em cima delas!»
E tinha razão o meu cunhado. Já bastou a malandrice a preparar as coisas todas. Nisto, são quase dez e meia e os homens querem começar a almoçar. Fui buscar a arca que estava ao pé deles e reparo que já só tem 7 cervejas. Nós tínhamos trazido 80. Estou feita, já vou ouvir!, pensei. Olha, afinal não, porque o meu cunhado vem de gatas e o meu homem ri-se em alto e bom som. Antes de chegar à toalha, o meu cunhado adormece no caminho. O meu homem ainda come um pedaço de broa com chouriça, mas também adormece com a cara metida no bolo de cenoura.
Aqui começa a grande azáfama.
Dantes, acontecia isto e os homens acordavam por volta das 4 da tarde, olhavam para as horas, reparavam que não tinham comido, lembravam-se que o Benfica jogava às 5; batiam-nos por nós não nos termos lembrado disso, e por eles irem ver o jogo de barriga vazia.
Agora não!
A Alice e eu comemos quase tudo, vamos oferecer comida aos outros piqueniques e o que sobra largamos na mata. Entretanto, besuntamos rissóis na cara dos homens, largamos molho do cozido na roupa deles para deixar nódoa, colocamos pedaços de presunto nas bocas e empurramos um pãozinho pelas goelas abaixo. Quado terminamos, faltam 10 minutos para as quatro e, aí, sim, relaxamos a fazer uma rendinha.
Eles acordam e devem estar com fome mas, já sabe como são os homens, nunca querem dar parte fraca; vêem as nódoas e sentem o sabor da comida e já só se preocupam com o Benfica.
É o meu momento preferido da semana.
Depois do Benfica, o meu homem regressa a casa e faz lá as coisas dele à minha cara, mas nunca mais o fez durante os piqueniques.
Adoro piquenicar. Adoro!
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