Em 399 a.C., o filósofo Sócrates decide pôr termo à sua vida, bebendo um trago de cicuta.
Cicuta não é scooter para os brasileiros, do mesmo modo que snooker é sinuca.
Cicuta é o veneno que Sócrates ingeriu depois de ter sido condenado, em Atenas, acusado de três crimes:
- Não acreditar nos costumes e deuses gregos;
- Unir-se a deuses malignos que gostam de destruir cidades;
- Corromper jovens com as suas ideias.
A sentença foi-lhe dada a escolher: ou se exila para sempre, ou lhe é cortada a língua, de modo a que não consiga ensinar aos demais. Sócrates escolheu a terceira via: a morte às suas próprias mãos.
Ontem, um tal de Sócrates foi detido no aeroporto de Lisboa, sob acusação de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção.
Parece-me exagerado.
Tal como o grego, o Sócrates português já havia dado a entender que as suas acusações não se diferenciavam das do preceptor de Platão:
- Não acreditava nos costumes portugueses e decidiu mudá-los através dos famosos PEC's. De repente, o Portugal do século XXI viajou até ao início do século XX e voltou a sentir fome, taxas de desemprego que fariam Salazar corar e impostos que levaram os suecos a exclamar: "Wow! Isso é bué de impostos!";
- Uniu-se aos deuses malignos do Freeport, da Ota e das sucatas Godinho, numa espiral de corrupção que mereceram um aplauso de pé e um sambinha de Alberto João Jardim;
- Corrompeu eleitores com as suas ideias sobre Portugal, quando estava a falar da Alemanha, e leitores do Correio da Manhã ao ser eleito 'Sexy Platina' em anos consecutivos.
Para os mais incautos, para além destes paralelismos com o Sócrates, ainda viajou para Paris para, também ele, se tornar filósofo.
Coincidências? Nas famosas palavras dessa intelectual literária que é Margarida Rebelo Pinto, "sei lá!"
Pelo sim, pelo não, façam com este Sócrates o mesmo que ele tentou fazer com a comunicação social, e cortem-lhe a língua.
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