quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Se Prometeu se chamasse Heidi

Prometeu de Elsie Russell, 1994
Esta é a história de Heidi, uma supermodelo que optou por deixar de o ser.
No auge da sua fama e reconhecimento, Heidi retirou-se aos 19 anos.
Ser simetricamente bonita, de corpo perfeitamente torneado - a "deusa das passereles" - não se conjugava com a sua procura de anonimato; não o dela mas o dos outros. E foi por isso que se retirou, farta dos seus pares gozarem com os seus anónimos namorados; farta dos seus relacionamentos não corresponderem às expectativas dos 'Adónis' com quem trabalhava. No fundo, o que os outros diziam não lhe importava; temia pelos seus anónimos; que o amor que lhes tinha não podia ter qualquer ruído.
E assim fez.
Já no anonimato encontrou um local que lhe sentiu como sendo o seu paraíso. Tratava-se de uma sala repleta de cadeiras, onde se reuniam semanalmente os alcoólicos anónimos. Era perfeito: ninguém era ninguém; todos eram o seu vício.
Foi aqui que conheceu Marco, um ex-Navy Seal, veterano da primeira guerra do Iraque, que havia afogado o síndrome pós-traumático na companhia do dr. Jack e do sr. Daniels. Quando conheceu Heidi, estava em fuga dos seus companheiros pela oitava vez.
Sem descrições de como se desenrolou o seu relacionamento, até porque o fizeram sempre dentro de portas e de fechadura trancada, depressa deixaram entrar também os antigos companheiros de Marco.
Para a ex-deusa das passereles era o início do seu suplício. Habituada durante anos a alimentar-se através de fotossíntese, o dr. Jack e o sr. Daniels provocaram-lhe dores e danos irreparáveis no fígado.
Hoje, pouco sabemos dela. A última vez que a vimos foi à porta de uma reunião dos alcoólicos anónimos.
O seu paraíso.
O seu anonimato.

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